Hoje, estava para conversar um pouco sobre música americana, como eu a entendia nos meus anos de juventude, mais propriamente, dos finais dos anos 40 / 50. Começaria pelo Programa da Manhã , da antiga Emissora Nacional, aos Domingos, levado para o ar, em simultâneo, pelos locutores Artur Agostinho e Jorge Alves, ambos falecidos, locutores de elevado nível profissional. O despique entre ambos, que apresentavam alternadamente as vozes de Doris Day e de Peggy Lee, enchiam-nos aquelas manhãs de Domingo, com uma habitual boa disposição.
Mas, heis que um outro tipo de música se atravessou pelo caminho, com o seu ritmo de bossa nova, vindo colar-se às minhas memórias: – Garota de Ipanema…! Decidi, que a música americana dos anos 40 / 50, ficaria para outras núpcias...! Vinicius de Morais e Tom Jobin, não podiam ficar para trás.
Uma nova mexidela nos baús, e apareceram-me as figuras desenhadas a traço fino de Alceu Penna que tantas vezes ilustraram a revista o Cruzeiro , que eu, com tanto interesse lia e relia.
Talvez possa parecer descabido, esta mudança…! Ora, não sei se é do conhecimento dos mais novos, que ainda possam ter a paciência de ler estas linhas tortas. Alceu Penna , foi um desenhador brasileiro, que ficou conhecido por lançar desenhos de moda brasileira, com bastante sucesso e mais ainda pelas figuras das garotas de olhar atrevido, do Rio, que com toda a elegância se estendiam sob o Sol tropical, nas praias cariocas, ou se cruzavam com outras pessoas, nas avenidas Copacabana.
Quem conheceu a cidade do Rio de Janeiro, naquela época, sente que muito das maravilhas que nos apaixonavam, nascia da vida elegante de uma classe economicamente mais desenvolvida, tantas vezes apresentadas com a naturalidade de um país que vivia um grande desenvolvimento pós guerra. Porém, as favelas, continuavam a crescer, com o aumento de uma população que vinda do Nordeste, fugia às secas e às dificuldades, que esse fenómeno provocava. De qualquer forma, a vida nas cidades era de um progresso, com toda a exuberância de um país maravilhoso.
.Ainda, sobre esta revista o Cruzeiro , que acompanhava toda a vida mundana, ela apresentava uma outra figura, impossível de esquecer : – O Amigo da Onça , da autoria de Péricles, que nos divertia pelo seu cinismo. Assunto, que hoje daria pano para mangas, no mundo actual…! via Alceu Penna
Também li com muito gosto “o Cruzeiro”, incluindo o imprescindível Amigo da Onça ! E adorei os cantores populares brasileiros da época, sobretudo Ellis Rgina .Quando é que tudo começou a mudar no Rio de Janeiro ? Com a ditadura militar ? Com a chegada da droga em larga escala?
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Bem que eu gostaria de responder a estas perguntas, e ainda a outras, que eu faço constantemente a mim próprio. Como é que um povo de um país fabuloso, chegou ao ponto de procurar melhoria de vida noutros países, quando ele próprio, foi sempre acolhedor de outros povos ? Um país que alcançou estatutos de alta tecnologia, sem paralelo com os outros povos Sul Americanos ? E daqui, poderíamos partir para inúmeras conversas interessantes, consoante o ponto de vista crítico ou político. Infelizmente, não tenho conhecimentos suficientes para analisar desapaixonadamente a actualidade brasileira, a não ser das notícias que vamos recebendo da comunicação social e opiniões de familiares, sempre inconclusivas. Apenas sei, que as ditaduras, sejam elas de esquerda ou de direita, não têm hipóteses de sobreviver num mundo global, como é o actual…! E o povo brasileiro, já sofreu essa triste experiência !
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