DIA MUNDIAL DA POESIA E DA ÁRVORE

Celebra-se todos os anos, a 21 de Março, o Dia Mundial da Poesia. As razões são compreensíveis, são eternas, são globais, são do  foro mundial, são do foro e do fundo de milhares de gavetas onde se encontram, esquecidos, amarelecidos, algumas  vezes ressuscitados, os poemas que inundam este nosso planeta. Há quem goste e lhes ligue; há quem despreze e os ignore. Por vezes diz-se que o poeta escreve poesia porque não consegue escrever prosa. Mas se lermos um poema qualquer, dos milhares que por aí andam à solta, e o lermos três ou quatro vezes, apercebemo-nos que, afinal, aquilo não é fácil. Diz-se que vem da alma, passa pelo coração e se derrama no papel.  É verdade, os poetas são extraordinários e conseguem transmitir-nos, às vezes em três ou quatro linhas , sentimentos que nos levariam horas a escrever em prosa. E Portugal tem tantos poetas e tantas poesias… Vá lá, hoje é um bom dia para folhear um livro de versos, um qualquer que haja aí por casa, e deixe-se adormecer ao ritmo das rimas ou não rimas, das fantasias, das irrealidades que só a poesia autoriza. Comemore o Dia Mundial da Poesia.

Por mim resolvi ir, fugidiamente,  para um campo menos comum: o dos poemas operáticos. A ópera assenta sempre na sua música e no poema que lhe subjaz (o tal “libretto”).  Recorro às palavras de Alan Riding, escritas em 2006, ao divagar: “Muitas pessoas , embora adorem música, consideram a ópera extravagante. Têm razão, pois não haverá melhor termo para descrever uma forma de arte associada a enredos complexos, letras incompreensíveis, orquestrações arrebatadas, um estilo afetado de representação, encenações exóticas, intérpretes temperamentais.”  E, no entanto,  a obra está lá, o poema existe. Claudio Monteverdi exigia para a sua música, textos arrebatados: “Como posso provocar paixões?”  Rossini, pelo contrário, desdenhava o poema: “Dêem-me um rol de lavandaria que eu componho uma música para ele!”  Bellini  regressa à intensidade das palavras, dos poemas, para dizer da sua obra: “O drama musical deve, por meio do canto, fazer as pessoas chorar, estremecer, morrer!” 

Estes pequenos apontamentos sobre a poesia na ópera servem apenas para lembrar como esta arte, esta enorme capacidade, está espalhada entre nós, por todas as nossas atividades.  De um poema, escrito por um desde sempre apaixonado,  extraio esta passagem:

Por vezes os cabelos embranquecem
Com a dor de inevitáveis sofrimentos.
Não são os anos que nos envelhecem
São algumas horas más, certos momentos.

E ainda fui buscar outra citação, a última de hoje, estejam descansados:

Quando te conheci, podia ter perguntado:
De que país és tu? E tu terias respondido:
Sou de uma raça que tem o excepcional valor
De amar eternamente e de morrer de amor!”

Bom Dia Mundial da Poesia!

Estou a atualizar o post de hoje, por ser também Dia Mundial da Árvore . E por ter sabido, já depois da publicação do post, que o nosso SOBREIRO ASSOBIADOR ganhou o prémio europeu de Árvore do Ano. Não deixa de ter graça… Por acaso votei nele e recomendo que vejam as fotos. É uma bela árvore, que vive há centenas de anos ao pé de Palmela. Mais um bom motivo de visita.

2 pensamentos sobre “DIA MUNDIAL DA POESIA E DA ÁRVORE

  1. É verdade…! Somos um povo que ama a poesia. E a Primavera mostrou-se, num pleno dia de Sol, maravilhoso, talvez por pouco tempo, mas o suficiente para nos alegrar a alma…!
    Como cantava Louis Armstrong :
    I see skies of blue and clouuds of white
    The bright blessed day, the dark sacred night
    And I think to my self a wonderful world…. etc, etc…!

    Liked by 1 person

  2. Penso que todos temos poesia dentro de nós. Uns exprimem-na com génio, outros nem tanto.
    Conheço um general que tem livros de poemas publicados, e que disse à cerca da coragem : coragem é fazer versos sem ser poeta !
    Penso que em certas alturas da vida, todos somos poetas
    Gostei bastante do teu texto é fiquei satisfeito por o Sobreiro ter ganho prémio
    Estamos a “saír da casca” e os prémios internacionais chovem!

    Liked by 2 people

Deixe um comentário