Julgo que todos temos, de forma mais ou menos explícita, a preferência por um mês do ano. Ou pelo mês em que nascemos, ou um outro em que nos tenha acontecido qualquer coisa de bom ou, até, outro que nos tenha sido menos agradável. E ainda há os que têm preferências por razões ou convicções diversas (religiosas, de horóscopo e tantas outras). Faz parte da vida.
Eu tenho dois meses preferidos: um porque mo deram, outro porque o criei.
Falo do que me deram: Setembro, o mês em que nasci. Não é melhor nem pior que os outros, é diferente, e sempre me lembro quando esse mês começa.
É hoje, 1 de Setembro!
Todos os anos regresso à canção de Gilbert Bécaud, “C’est en Septembre”, e revejo na sua lírica imensos traços dos meus e dos nossos hábitos mediterrâneos.
As árvores que
Lentamente
Mudam de cor
Ao ritmo do sol
A barafunda estival
Que se distende no areal…
“Et le sable est devenu froid
Au blanc soleil
C’est en septembre
Quand les voiliers sont dévoilés,
Et que la plage tremble sous l’ombre
D’un automne dé-bronzé
C’est en septembre
Que l’on peut vivre pour de vrai”.
Setembro é um mês amigo
Adoça o verão
Prenuncia o outono
Mantém viva a ilusão
De sementeiras com trigo
De uvas pisadas
Misturadas
Com o que resta
Das ondas salgadas.
As prendas que eu recebia
E que lia, e que lia,
“Mais en septembre
Quand je reviens où je suis né
C’est en septembre
Que je me fais la bonne année”.
Cada um tem o seu mês. Um dos que eu tenho, é este. O outro é mais frio, é de amendoeiras em flor. Mas setembro é deslumbrante. Desculpem este meu desabafo.
Escrevam também e exaltem o vosso mês.
Porque nos inspira tanto o mês de Setembro ? L´enchantement de l´Automne qui arrive tout proche, ou o alívio de um mês quente, já passado, que além de nos encher de energia, nos deixa ansiosos por um Sol suave, a convidar a um passeio à beira mar ? E o Outono, é isso mesmo…! O regresso, que desperta o sentir dos poetas, de que todos nós temos um pouco, numa mistura do bulício gozado e de uma saudade incompreensível de uma solidão desejada. E Gilbert Bécaud, cantou muito bem esse mês maravilhoso de Setembre, que antecede o meu mês, mais lembrado pelas Feuilles Mortes, tantas vezes cantado por Yves Montand. E foi nestes suaves Outonos, que nasci e também casei, sob uma chuva de Feuilles Mortes e um cheirinho a castanhas assadas, que enchiam as ruas de Lisboa, numa névoa azulada a convidar-me para a formação de uma família …! Como se pode não gostar do Outono e não gostar de sentir as folhas sêcas e douradas, sob os nossos pés ?
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle
Les souvenirs et les regrets aussi
Et le vent du Nord les emportet
Dans la nuit froide de l´oubli
Tu vois, je nái pas oublié
La chanson que tu me chantais
Etc, Etc…!
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Vous avez raison. Notre mois de naissance est le plus important. Je dois remercier ma mère, qui était guerrière, d’être né. Février est un mois modeste n’a que, normalement, a 28 jours. Coincidence, ma mère est née le 29 février.
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