Há dias assim…! Ontem, ao ler no D.N. a crónica habitual de Ferreira Fernandes, sob o título “ Corta ! Dizem os Diáconos Remédios da vida “. Fiquei deliciado pelo bom humor e pela forma de abordagem de um tema, algo polémico, dos últimos tempos. Talvez, um contra-ponto aos formalismos acomodados, ou ainda, um abanão à pasmaceira e ao desgastado politicamente correcto.

E ao detentor de uma das vozes mais maravilhosas, ecoando das salas não menos maravilhosas deste mundo do Belo-Canto, cai a pretensa sentença de morte artística, ditada por um grupo de nove ex belas jovens, acordadas tardiamente, dos seus sonhos de grande diva, sentindo-se pressionadas pelo peso da traição, ou do desvio de olhar de Plácido Domingo.

Imaginemos a cena…! ” Oh…! Maldito sejas! Tu que me fizeste sentir voar aos píncaros de Olympo, pela onda de paixão, e me beijaste a mão, galanteando-me, em surdina, com um os teus enjoativos gorjeios “…! ( Não sei bem se o pano de palco, deva cair neste momento, antes de o artista principal, se desculpar, perante tamanha injustiça…! )

E em tons de ópera e de opereta, o romance, a paixão, a traição, a morte e o drama, tão peculiares da vida real, se vão formando cenas de desencanto, alimentando ódios e oportunismos, tão mais devastadores, quanto maior for nível da aventura. Tão mais explorados quanto maior for o valor do visado. E como nos quer parecer, pela simples dedução do que F.F. diz, a Ópera tem um pouco disso tudo. E muito mais, a beleza das vozes, a sobreporem-se às denúncias de pressões nunca justificadas…!