Não foi sem um longo franzir de testa, que ao ler num dos jornais diários, me pareceu estar a viver num mundo algo enlouquecido. Uma leitura demorada, com algumas paragens, pela surpresa dos números que me infligiam pensamentos preocupantes. O número astronómico de seis mil milhões de pessoas, encafuadas nas cidades de todo o mundo, lá para o ano de 2050…! Destes números, com um pouco de imaginação, comecei a tirar as mais diversas situações, em que se vai viver num mundo de betão e asfalto. Com a proliferação de Centros Comerciais, levando as pessoas a viver num ambiente artificial e sem que ninguém se conheça, apesar de se verem quase todos os dias. Do alargamento das cidades, tornando-as ainda mais difíceis de as atravessar ou percorrer as suas inevitáveis circulares, sucessivamente mais periféricas, de acordo com a sua expansão. Reparei no meu sorriso patético, ao pensar alto, como as cidades de hoje, já a rebentar pelas costuras, nos deixam fatigados, por ter que atravessar todo aquele trânsito, irritantemente caótico em horas de ponta, comandados por semáforos, de difícil controlo, conforme as horas de maior movimento.
Certamente, não será bem assim…! Talvez até seja! Penso eu de novo, nesta minha conversa a solo, numa ante-visão como se eu pudesse ainda sobreviver a este número maluco de anos. Talvez, até seja assim, uma vez que as cidades não se modificam de um ano para outro, nem em duas ou três décadas e sempre carentes de verbas para manutenção e novas obras…! Não estou a ver Lisboa, Londres ou Paris, ou ainda Roma, a modificarem-se e terem que destruir os seus Monumentos, Avenidas e Praças, para obviar o trânsito febril de milhares de carros e autocarros, a entupirem-nos as narinas com o famigerado CO2. Ainda o Metropolitano, e os esgotos a esburacar as cidades, cada vez mais encruzilhados, numa rede de malha apertada, sob os prédios cada vez mais altos, como já se vê nas grandes cidades dos países asiáticos super populosos, num estilo de vida tão diferente do nosso…!
Curioso, como não me senti desgastado, ao percorrer as ruas de New York, com dez milhões de almas, ou em Washington e no Rio de Janeiro, a andarem de um lado para o outro, sem grandes encontrões na rua, e grandes filas para ganhar um lugar sentado à mesa de um qualquer bar ou restaurante…! Pois é ! Mas não me atreveria a conduzir, mesmo que o trânsito fosse bem ordenado..!
E os meus pensamentos, sobre como será a vida das grandes cidades, começou, ainda mais, a granjear as minhas atenções para a vida da província…!