Quando penso na historia de Inglaterra que aprendi, ainda que pouco, vem-me à memoria o nome de Geoffrey Chaucer. O pai da literatura inglesa. O grande mestre e poeta da idade média. A linguagem vernácula, dos seus muitos contos, de Canterbury Tales. Ou, laconicamente, no que se passou a chamar o inglês, dos dias de hoje…! A substituição da linguagem de grande prestígio, como era o latim ou ainda o francês, desde a conquista dos normandos, por uma língua simples e comum, que todos entendessem, na sua forma popular de falar.
Como eu os entendo, no seu orgulho britânico…! De uma historia ímpar, de senhores dos mares, de guerras e conquistas, de colonizações onde deixaram bem vincadas, toda a sua ” British proud of England “, em todos os continentes. Uma Commonwealth of Nations, cuja linguagem se baseia em liberdade e democracia, de domínios já perdidos para sempre, lutando para regressar a um passado, que também não entenderam, nunca mais ser o mesmo de outros tempos. Pretendendo sulcar os mesmos mares de sempre, já gastos de outros Trafalgares, bem diferentes dos de hoje. De histórias, mais que conhecidas, em tantos outros idiomas…!
À Velha Albion e as suas White Cliffs of Dover, ou Seven Sisters, que tanto apreciei, da primeira vez que as avistei do Ferry, ao atravessar o Canal da Mancha, fica o desejo de um novo encontro. Por enquanto, contento-me em continuar a ler “ No Empty Chairs “, relacionado com os bravos pilotos da 1ª Guerra Mundial, sobre as batalhas da Flandres. A Europa, deve-lhes o sacrifício monstruoso, de duas grandes guerras. Do risco da sua própria destruição, ainda que para seu próprio interesse. E também, muito da liberdade em que se vive hoje, em todas as cidades e vilas. Do seu exemplo de democracia e quanto do seu prestígio, enquanto membro europeu. E disso, não podemos esquecer ! Do quanto ficaremos mais fracos, se não encontrarmos uma solução para os nossos problemas internos. Esta Europa das nações, de várias línguas, onde faltou um Chaucer, para unir os povos, com a mesma linguagem, com o mesmo sentido de povo, ou dos Cavaleiros de Tavola Redonda, em defesa de um bondoso rei Arthur …! Tantas línguas, quantas as políticas e diferenças de opinião. Dos desníveis acentuados de economias e desenvolvimento. Esta Europa, também terá que caminhar num só sentido. Zarpar, procurando outros mares, mesmo que já navegados e perdidos no tempo …!
Excelente Réquiem por tudo o que formatou as nossas almas e saberes. É tempo de novos impérios, é tempo do império do Saber e, dessa maneira, talvez se consiga recuperar o que agora (em minha opinião, de forma politicamente leviana) se pretende deixar para trás. É um dia triste, sim, mas Chaucer e Shakespeare serão eternamente lidos. E essas paixões nunca se interrompem. Sim, porque os britânicos também gostam de Umberto Eco, Victor Hugo e Fernando Pessoa. Para além do Vinho do Porto, claro!…
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