Comemorou-se, no passado dia 27 de Novembro, o 85º aniversário da Ordem dos Engenheiros. As comemorações prolongaram-se por todo esse dia, com diferentes fases na sua Sessão Solene. O programa incluiu a Proclamação de novos Membros Honorários, entrega de Medalhas de Ouro, entrega de Diplomas aos novos Membros Especialistas, entrega de Diplomas dos 50 anos de Inscrição na Ordem (foi a razão da minha presença) e entrega de Prémios para os Melhores Estágios de 2021.
O encontro e a mistura de novos e antigos engenheiros permitiram bons momentos de reflexão e, sobretudo, perceber que a Engenharia continua viva, forte e muito consciente do seu importante papel no desenvolvimento do país.
Foi, além disso, um excelente pretexto para revisitar algumas entrevistas e declarações que, recentemente, representantes responsáveis da Ordem e da Engenharia tiveram oportunidade de prestar. Um deles, o próprio Bastonário da Ordem, dizia na entrevista que “Portugal, com as condições que tem, pode fazer a diferença. A reindustrialização, no fundo, não é fazer mais do mesmo, sem deitar fumo. É saber entrar em novos mercados, com novos produtos competitivos, que criem valor acrescentado e bens transacionáveis”. E continuou, mais adiante, (cito) “Um país não consegue produzir e criar riqueza sem Engenharia. Sem engenheiros não há Economia, não há infraestruturas, não há indústria, não há vida. Por isso o Governo tem de dedicar uma pasta em exclusivo a esta matéria. Não sei se é dentro da Economia, mas tem de haver uma pasta para a transformação económica. Porque o País e o Mundo vão cada vez mais necessitar da Engenharia. O que vai mudar é a forma como a Engenharia é feita.”
Revisitei também uma entrevista do Engenheiro António Costa Silva (Professor do IST e Poeta nas horas vagas), convidado em 2020 pelo Governo para delinear a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030. E, ao longo das suas declarações, afirmou: “Não vamos conseguir ter um país desenvolvido com uma Engenharia subvalorizada. Mas os engenheiros distinguem-se pelo seguinte: são formados para resolver problemas. A pandemia veio revelar que os portugueses são excecionais na anormalidade e banais na normalidade. E a necessidade desta Visão Estratégica surge porque estamos numa situação anormal, porque senão, provavelmente, nem pensávamos nisso. As crises são frequentes mas as transformações são muito raras.
Muita coisa se poderia ainda dizer do Dia Comemorativo e das considerações que os Engenheiros têm vindo a fazer sobre as necessárias modificações dos meios de ensino e de aplicação de meios. Não vos vou cansar com tudo isso. Compreenderão que também foi, para mim, uma oportunidade de revisitar toda a minha vida de Engenharia, relembrada agora com o Diploma dos 50 anos de inscrição na Ordem. Pensei sobre os melhores ou mais notáveis momentos dessa minha vida. Consegui recuperar algumas coisas excelentes que tive oportunidade de projetar, coordenar ou programar. Claro que também tive casos de menor sucesso (competitividades comerciais) mas o saldo dessa vida foi-me muito gratificante. Em seguimento à minha vida Naval, à qual me sinto indelevelmente ligado, a opção pela Engenharia foi muito compensadora.
Olho agora para as novas modalidades da Engenharia e da modernização dos meios e dos processos. E isso dá-me gosto. Só para terminar, transcrevo o título de um dos melhores jovens estágios de 2021, de um engenheiro químico e biológico, que suscitou alguns sorrisos na assistência mas que se reconhece poder ser da maior importância: “Estudo de substituição do uso de pigmentos baseados em cromatos de chumbo por pigmentos alternativos em diferentes aplicações na indústria dos plásticos“.
Viva a Engenharia e Parabéns à Ordem no seu 85º aniversário.