Pergunta universal que já foi feita a todas as crianças do mundo ou aos adultos que já foram crianças. E as respostas são as mais variadas dependendo de múltiplos fatores que envolvem essas crianças. “Eu quero ser bombeiro”, diz um, porque vive ao pé de um quartel de bombeiros ou porque o tio é bombeiro. “Eu quero ser médico”, diz outro, porque o pai é médico e sempre ouviu dizer em casa que esse é o melhor emprego do mundo. Outros hesitam e dizem que não sabem, o que transmite uma grande sinceridade na resposta. Outros dizem, imediatamente, que querem ser isto ou aquilo porque têm uma vocação definitiva para coisas com que sempre sonham ou procuram saber. Talvez esses sejam os mais felizes se conseguirem, na realidade, chegar a ser aquilo para que têm vocação. Conheço alguns destes, agora que já sou adulto e posso comparar o que eles fazem com aquilo que disseram que gostariam de ser. Outros não têm talentos especiais, seguem aquilo que a vida lhes vai proporcionando e alguns acabam por ser muito felizes.
Pergunta banal, quase inevitável e que, se pensarmos bem , nos pode levar a deduções ou realidades extraordinárias. Como terão respondido em crianças, a essa pergunta, pessoas como Joana d’Arc, Nelson Mandela, Mahatma Gandi, Adolf Hitler, Marie Curie, Albert Einstein, a Princesa Diana e milhares de outras? Se relermos as histórias de cada um deles percebemos que eram crianças iguais às outras, sem objetivos nem vocações especiais. O que a vida lhes fez e como os encaminhou para a celebridade são os acasos da História misturados, claro, com vocações ou tendências que só passado algum tempo se manifestaram.
As crianças oriundas de famílias mais qualificadas têm, naturalmente, a tendência de responder que querem ser o mesmo dos pais ou das mães. Por vezes acertam, outras vezes trocam essas suas esperanças por outras realidades onde se sentem muito mais felizes. O mundo das artes, curiosamente, talvez seja aquele onde as respostas em criança mais vezes se concretizam. Uma bailarina, um amante da música geralmente expressam essas suas vocações desde muito novos.
Entre nós (mas não só entre nós) sofre-se a grilheta das notas escolares. Uma criança diz que gostaria de ser desportista mas, mais tarde, se acaba o seu curso secundário com notas de 19 ou 20 , vai para a medicina por ser o curso com as notas mais exigentes de entrada. Conheço diversos jovens que, uma vez em medicina, a abandonaram por sentirem que aquilo não poderia ser a sua vida e escolhem outras alternativas onde se sentem mais felizes.
Talvez a franja mais numerosa e curiosa de analisar é a daquelas crianças que não sabem responder nem têm nenhuma exuberante vocação com que tenham sonhado. A essas a vida encarrega-se de lhes proporcionar soluções e alternativas às quais se dedicam e com as quais se sentem felizes e, muitas delas, acabam por ser notáveis. Mas, mesmo sem a notarioridade, cumprem vidas discretas e, muitas vezes, de grande utilidade para a sociedade.
Muito recentemente, um divulgador das novas tendências tecnológicas do mercado produziu, na imprensa, uma frase notável: “Se queremos progredir no futuro não devemos olhar para o passado”. Quem estivesse disponível para pagar a inscrição nesse convénio (porque não era de borla, claro) deveria refletir na essência daquela frase para poder concluir como é importante conhecer o passado para se criar um futuro mais auspicioso e progressivo. Que terá este senhor respondido, em criança, à pergunta do “Que queres ser quando fores grande?”
A revista Time tem, desde há uns tempos, através de uma comissão por ela criada, acompanhado as figuras que ela própria tem destacado nas diversas áreas de atividade, frutos das suas enormes visibilidades criadas, grande parte das vezes, pelas plataformas digitais do Instagram, Twitter ou equivalentes. E as conclusões já começaram a chegar: muitas delas desapareceram, outras mantiveram-se com reconhecimento mediano e, muito poucas, vieram a concretizar-se como ícones internacionais. Mas diz a Time, e com razão, que todos esses milhares de pessoas são as camadas sociais com que o mundo convive atualmente. E que influenciam, em escala mais ou menos alargada, as novas gerações emergentes a responderem com mais convicção à famosa pergunta: “Que queres ser quando fores grande”?
E há milhões de pessoas, espalhadas pelo mundo, que continuam muito necessitadas de gente solidária que, em criança, pudesse responder: “Quero poder fazer coisas para ajudar todos os que forem mais necessitados que eu”.
Pergunta banal, não é?
O exemplo familiar em geral tem muita influência na escolha do jovem – pela negativa e pela positiva.
Mas hoje em dia a pergunta que mais gosto de fazer às crianças e jovens é : Então qual ´é o teu desporto ? Se não fazem desporto, aconselho-os a encontrar algum de que gostem, pois o importante é fazer mesmo.
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Um assunto interessante, que nos leva a pensar como a educação da criança recebe do seu meio familiar, toda a influência que os guiará pela vida fora. A educação e os princípios, que uma boa parte da sociedade não consegue dar, porque também não recebeu, ou a indiferença dos tempos pós modernista, que os caminhos de um futuro incerto lhes retardará o desenvolvimento.
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