Engenharia Aeronáutica

Recebi há dois dias o último exemplar da Ingenium, o Boletim da Ordem dos Engenheiros. Na minha qualidade de Engenheiro (eletrotécnico) com o nº  9200 da Ordem, naturalmente já reformado, não deixo, no entanto, de prestar atenção ao que se vai fazendo e sendo dito no mundo das engenharias. Foi o meu modo de vida durante mais de 30 anos. E foi o meu segundo Curso a seguir ao da Escola Naval.
Durante os últimos anos reconheço que não me tenho atualizado na minha especialidade mas leio, com interesse, o que vai sendo feito e os avanços tecnológicos que hoje invadem todas as disciplinas. Para além disso, tento perceber os meandros das instituições ligadas às causas da engenharia, desde a investigação, o ensino, a produção, a organização, as preocupações com o mundo, causas, enfim, que já eram as do meu tempo ativo mas que hoje se desenvolvem com muito mais intensidade e em áreas cada vez mais diversas e abrangentes. Para bem da Engenharia e, em especial, da Engenharia portuguesa.
Foi por tudo isto que me surpreendeu o Editorial do Bastonário da Ordem neste número da Ingenium, ao relatar de forma exemplar o que se está a passar com os cursos de Engenharia Aeroespacial. A entrada de candidatos para esses cursos exige as médias mais elevadas constantes nas pautas de admissão. Mais altas mesmo que as sempre referidas médias para Medicina. A Engenharia Aeroespacial/Aeronáutica dispõe atualmente, no nosso mercado, de jovens profissionais competentíssimos (conheço alguns) que são muito solicitados pelo mercado por irem ao encontro de atividades que muito se têm desenvolvido em Portugal e que, pelo que se sabe, mais se irão desenvolver.
Bizarro é, no entanto, o facto de, como engenheiros desta especialidade, a Ordem não os poder inscrever. Porque a Ordem não tem a capacidade estatutária, desde Janeiro de 2016, de criar novos Colégios de Especialidade. Tal facto depende dos Órgãos da República e estes não parece estarem muito disponíveis para a necessária revisão legislativa. Portanto, os engenheiros desta especialidade só se poderão inscrever na Ordem desde que se designem como engenheiros mecânicos. Reconheçamos que não faz muito sentido, nem para os engenheiros, nem para a Ordem.
Segundo o Bastonário esta será uma das lutas do seu mandato. Com toda a justeza, em minha opinião. O Estado terá, decerto, razões para manter a posição atual, mas seria  muito acertado que desencadeasse, em apoio da Ordem, as ações necessárias à revisão legislativa para esta e outras Especialidades que se mantêm num limbo de reconhecimento dificilmente compreensível.
Que todos os engenheiros se envolvam com a Ordem nesta luta do seu Bastonário.
Esperemos que tudo se solucione em prol, em última instância, dos Engenheiros. Porque a Ordem deve viver para eles.

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