DESLOCADOS

 

Uma das muitas ambições que toda a gente no mundo alimenta é a de crescer, educar-se, viver, conviver, diria, até, morrer na terra onde nasceu. É assim, é da natureza humana.

E isso nada tem a ver com o facto de muitos decidirem, por sua livre vontade, de mudarem de país, de ambiente, de estilos de vida. Isso também faz parte da natureza humana, nada tem de censurável e de inesperado. As diásporas de muitos países pelo mundo fora são fenómenos notáveis  que decorrem de crises nacionais, de realização de utopias e de vontades expressas das cidadanias.
O que nos obriga a pensar e a lamentar é a estatística relativa a 2016 no que respeita às pessoas deslocadas dentro dos seus próprios países. Foram, segundo as estatísticas, trinta milhões que, em todo o mundo, sofreram essa tortura. As causas são as catástrofes naturais, as perseguições étnicas, as perseguições políticas, o desprezo e desmando internacionais.
Portugal tem sido um país de emigração histórica por razões já atrás mencionadas. E isso é, claro, uma forma de sofrimento do povo quando é forçada. Mas, felizmente, não tem havido “deslocados” internos pelas razões deploráveis também já abordadas. Tenhamos esperança que não se verifiquem cataclismos que nos imponham esse fenómeno.
De qualquer forma não se pode ficar indiferente ao número dos trinta milhões que, durante 2016, se viram obrigados a esse flagelo. A normalidade das nossas vidas e, apesar de tudo, a da maior parte dos países do mundo não pode ignorar aquele terrível fenómeno.
Há instituições mundiais que lutam contra tudo isso mas com resultados insuficientes. Uma delas está a ser dirigida por um português de enorme qualidade mas todos sabemos que as montanhas de obstáculos são muito difíceis de transpor.
O texto de hoje é, realmente, muito curto mas decidi não o evitar. Resta-me, pessoalmente,  sugerir que tomemos conhecimento destes números e que não os escondamos. O mundo talvez possa, aos poucos, ir fazendo qualquer coisa.

2 pensamentos sobre “DESLOCADOS

  1. Tenho pena, que o assunto tenha ficado pela contenção e pela míngua de palavras. Fiquei surpreendido, pela quantidade de deslocados e todo o drama dos povos que se viram obrigados a abandonar o seu solo pátrio, em demanda de uma outra terra, que nem sempre se poderá chamar de prometida. Tudo, apenas num só ano. Desconhecia a realidade e a crueza das estatísticas …! E eu próprio, como tantos outros portugueses, sabemos bem o que é esse sofrimento de uma despedida. De uma abraço de despedida, que fica registado no peito e nos oprime a respiração por tão longo tempo. Uma despedida para a guerra, ou para satisfazer um capricho da vida, ou por simples aventura de conhecer novos sítios, ou a aproveitar uma oportunidade…! E porque não lembrarmo-nos das movimentações do ser humano, realçadas pela história desde que ela existe, e que começou a ser registada na pedra, no papiro, em pergaminho, e do tão recente papel ? Foram tantas, antes e depois do êxodo dos Hebreus, com a fuga à escravatura no Egipto, e a diáspora contínua de todos os povos europeus, para as terras do Novo Mundo, até aos nossos dias, em demanda de uma nova vida. E sobre os nossos deslocados, tanto que teríamos que escrever, porque de deslocados, muitos se tornariam retornados. E aqui, a conversa tornar-se-ia bastante mais longa, sem deixar de ser interessante…!

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