Mais um dia comemorativo: hoje é o Dia do Ambiente. Falam e escrevem cientistas, investigadores, cidadãos, autarcas, instituições públicas, fundações. Nas escolas os meninos dizem-nos as cores que devemos decorar para deitar fora o lixo nos sítios certos. Já não há muitos que, à vista de todos, o atirem para o chão mas o certo é que todos os anos, nos intervalos das estações balneares, bombeiros e voluntários recolhem toneladas de detritos abandonados nas areias: latas de refrigerantes, pontas de cigarros aos milhares, sacos de plástico, preservativos usados ou por usar, etc., etc.,etc.. Mas não foi ninguém, porque todos dizem que cumprem escrupulosamente o que as leis ditam sobre a matéria. O que vale é que tudo aquilo vai para a reciclagem, para umas instalações gigantescas que ganham dinheiro com a reciclagem dos desperdícios abandonados. Dizem que saem dali outros produtos limpíssimos, inócuos e que são utilizados de novo pelos infratores. Enfim, isto é mais um problema de escola do que de reciclagem, embora esta seja essencial para o funcionamento limpo das sociedades.
Mas ao falar de reciclagem, ocorre-me outro tipo de fenómeno não menos impressionante mas razoavelmente bem aceite pelos cidadãos: a reciclagem dos políticos. Não é só cá que isso se passa, claro, mas o que está perto de nós e que, de alguma forma, nos toca, leva-nos a sermos mais reflexivos.
Aproximam-se as eleições autárquicas e as movimentações em surdina produzem ruídos estrepitosos. Mulheres e homens, antigos autarcas, que por diversas razões tinham sido impedidos de se recandidatar, aparecem agora, reciclados, ou porque mudaram de concelho, ou porque os seus apelos congénitos interiores os obrigam a seguir uma vocação inabalável, ou porque grupos imensos (!!!) de condidadãos os motivam e lhes suplicam que se apresentem de novo a eleições, ou porque, passados períodos sabáticos de diferentes espécies, eles próprios acham que os seus regressos reporão as verdades abandonadas e que as grandes causas voltarão a ser o zenite e o nadir dos seus colegas cidadãos.
O Dia do Ambiente deveria também abordar este já conhecido ciclo de reciclagem humana que é, muitas vezes, tão ou mais prejudicial que a reciclagem de lixos e detritos. Claro que, nestes casos,os reciclados são votados e o povo, na sua interminável sabedoria, raramente se engana nas suas escolhas. E os que regressarem é porque terão, muito possivelmente, os predicados necessários para as missões que deles se espera.
Ambiente e reciclagem são, realmente, termos muito relacionados e muito impressivos para as sociedades atuais. Quem os recusar (falámos, no último texto, de alguém importante que o declarou) contribuirá para enormes fatalidades cuja existência está estudada e é inevitável.
Mas há uma coisa que ajuda muito, será mesmo decisiva, em todas estas escolhas que estão em curso ou se aproximam: é a Escola. Esperemos que ela cumpra a sua insubstituível missão.
Um dia muito importante, em especial para nós portugueses. Porque somos um povo, continuamente desambientado, por motivos diversos É bom que este dia seja recordado. E assim vamos vivendo, com a felicidade estampada na cara, um dia por ano, porque os nossos casos, foram relembrados com toda a pompa e circunstância. mesmo sem temos uma Britânia para cantar em plenos pulmões.,,! Mas, mais preocupante do que tudo isto, é a reciclagem…! E a nós, os velhos jarretas que nunca são trapos, nem coisa nenhuma, o que nos espera ? Uma reciclagem dos ossos porosos ou calcificados pelas intempéries ? O uso obrigatório da pasta Kolynos, para branquear mais os dentes, amarelecidos pelo uso do tabaco, e podermos sorrir para as atendedoras de balcão, com cara de parvos ? Um after-shave que humedece a pele durante todo o dia, para esticar as rugas ? Ou um restaurador de cabelos, tipo Olex , com massagens capilares ou um cafunê, bem gostoso ? Tem piada ! Agora lembrei-me de um vizinho meu, que está com um aspecto meio esquisito, mas muito mais jovem. Será, que aquele velho trôpego foi reciclado ?
GostarLiked by 1 person