365 Dias

Com o virar da última página que acabámos de viver, muitos de nós, resolvemos ficar no sossego de nossas casas, fugindo ao bulício de uma cidade que se preparava para festejar a passagem do ano. A abertura de uma garrafa de espumante, contar as passas que se comem à pressa, quase sem mastigar, enquanto os ponteiros dos minutos se juntavam ao das horas, sempre mais pequeno e recatado. É sempre aquela emoção de mudarmos de ano, como quem veste um fato novo e como se tudo ficasse resolvido e esquecido. Vida nova, pois então…!

Não obstante a alegria contagiante dos festejos, dei comigo a pensar e a perguntar-me a mim próprio, os porquês de tanta destruição e tanta miséria por este mundo fora, se a vida se mostra assim tão curta ? Também os nossos problemas, com as nossas desgraças dos incêndios e aquela seca, que inimaginavelmente, levou o país a alimentar uma albufeira através de camions cisterna.

Como este povo, não se mostrou em nada avaro, ao distribuir dinheiro e bens de consumo imediato, àquelas povoações que viram todo o seu trabalho e poupanças de uma vida a serem devoradas por um fogo ateado por mãos criminosas…! E o Estado, aquele Estado que se mostrou bastante pródigo na ajuda às populações atingidas, e que alguns políticos repudiam, porque preferem menos Estado, sem compreender ou explicar, porque andam sempre a girar à sua volta…? Aqui, um caso contraditório, senão mesmo estranho…!

A propósito do contraditório…!  A mensagem de Ano Novo, do nosso Presidente da Republica, parece ter-me deixado um pouco mais satisfeito. O reinventar o país, pressupõe uma ordem de trabalho, que não pode ficar esquecida nos trilhos da política. Será assim ? Reinventar um país que já se reinventou a ele próprio, desdobrando-se em esforços de desenvolvimento, na produção e na exportação. Na normalização da Banca. No Ensino, com todas as dificuldades que são sabidas. Na Saúde, sem olhar a esforços, em todos os Hospitais e Centros de Saúde.

Pergunto-me, porque temos que nos reinventar constantemente,  se conseguimos sair do lixo, ainda que modestamente, para níveis perdidos de um passado recente ? E a redução do déficite e da dívida ? Tudo com a prata da casa, sem novos empréstimos forçados a juros agiotas, aproveitando inteligentemente o preço do petróleo e os juros a níveis de saldo, e sem ter que vender ao desbarato o melhor que ainda nos vai restando.

O que temos que reinventar, é o investimento, a segurança, o desenvolvimento do interior e prepararmo-nos para outras secas que se avizinham e ensinar ou estimular as autarquias e as populações das vizinhanças, para a limpeza das matas, dos quintais e das estradas, porque de destruição e de morte, já chega o que todos os anos se vê nas nossas estradas…! Para isso. era bom que nos reencontrássemos todos, para discutir civilizadamente, o que falhou…!

 

 

 

 

Um pensamento sobre “365 Dias

  1. Muito bem abordado. A reinvenção é uma ideia redundante que serve para tudo ou para nada. Ainda por cima dita por alguém que diz todos os dias o mesmo, na campanha televisiva em que já se envolveu . Mais do que reinventar é preciso estimular a decência. Excelente texto.

    Liked by 1 person

Deixe um comentário

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s