Li com muito agrado o texto do meu companheiro de blogue, F. Fonseca Santos, sobre a personalidade de António Guterres. Acompanho-o inteiramente nas suas considerações e na sua oportuníssima chamada de atenção para o dia de hoje, 19 de Fevereiro, data em que a Universidade de Lisboa lhe concedeu o título de doutoramento. Justo e adequado. É uma forma de sabermos honrar os nossos, como se disse em post anterior neste blogue. Fui contemporâneo de António Guterres no IST e tivemos, em conjunto, aulas do curso de eletrotecnia. O Técnico foi, para mim, o segundo curso da minha carreira profissional e daí a coincidência daqueles encontros, tendo eu mais alguns anos que ele. O Plano de Curso que frequentei, com base em cadeiras que já tinha tirado no curso anterior, fez com que os nossos encontros em aulas não fossem muito frequentes. Foi o suficiente, no entanto, para acompanhar a notoriedade do seu percurso académico, com geral reconhecimento de todos os colegas, alguns deles também hoje figuras públicas. Acabar o curso de Eletrotecnia no Técnico com média final de 19 valores não é, seguramente, para qualquer um. A sua carreira posterior veio a provar isso mesmo.
Por coincidência, também hoje, uma amiga de FB, a drª Helena Pato, publicou um longo texto de sua autoria reportado à biografia de Rómulo de Carvalho (ou António Gedeão), pelo facto de ele ter falecido a 19 de Fevereiro de 1997, com 91 anos de idade. Rómulo de Carvalho “foi um intelectual marcante da Cultura portuguesa do século XX, poeta e símbolo da cultura científica em Portugal”. Ninguém se esquecerá de muitas das suas obras poéticas e pedagógicas, com especial destaque para a “Pedra Filosofal”. Foi casado com uma escritora (Natália Nunes, já falecida este ano) de quem teve uma filha, Cristina Carvalho, também escritora. Curiosamente filho de algarvios , pai de Tavira, mãe de Faro (isto de algarvios, como sabem, desperta-me afetos), também ele foi distinguido oficialmente: como Grande Oficial da Instrução Pública, em 1987, e Doutor “Honoris Causa” pela Universidade de Évora, em 1995. A 15 de Novembro de 1996 foi-lhe atribuida a Medalha de Prata da Universidade de Lisboa, na Faculdade de Ciências e Tecnologia. A 17 de Dezembro de 1996, o Presidente da República atribuiu-lhe a Grã Cruz da Ordem de Mérito de Santiago da Espada e a 18 de Dezembro do mesmo ano foi-lhe atribuida, pelo Ministro da Cultura, a Medalha de Mérito Cultural, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Como se vê, o “mundo pula e avança” e há sempre tempo de reconhecer os mais notáveis, os que de melhor deram de si em prol das comunidades e instituições em que se incluiram. Feliz coincidência a deste 19 de Fevereiro. Pela memória de um Grande Homem, há outro, em vida, que o acompanha com o mesmo espírito mundial e divulgador.
Do poema de António Gedeão, “Saudades da Terra”, permito-me transcrever a última quadra dessa peça:
Triste de quem não tem,
na hora que se esfuma,
saudades de ninguém
nem de coisa nenhuma.
Parabéns António Guterres.
Velhos são os trapos 
O dia de hoje, ainda não tinha esgotado a minha satisfação de ler notícias reconfortantes. Ainda bem que este Blog nos leva a pensar que afinal, nem tudo é mau e que nem todos andam cegos de ódios, num rodopio infernal pelos lugares cimeiros da política, à custa de golpes ousados de propaganda facciosa, e de sorrisos falsos de circunstância. As coisas vão melhorando, ainda que palidamente, e as mentalidades começaram a abrir-se perante a queda dos panos de fundo, que iludiam os mais distraídos. Talvez a adivinhar a Primavera, que se aproxima, o Eng. António Guterres está de parabéns e a sua Universidade de Lisboa, idem, aspas, aspas…! Parece-me, que todos os portugueses se sentem bem mais orgulhosos, mesmo aqueles que não tendo saudades de coisa nenhuma, têm sempre o receio de se sentirem cordeiros negros em campo de neve… !
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