Nós e os outros…!

Eu sei que não é fácil falarmos de nós ! Talvez por isso, venha a arrepender-me de tentar compreender o que se passa na minha mente, quanto à evolução ou desevolução do que é sentir-me europeu…! Passados os bailaricos, tão característicos do nosso povo, com a alegria milagreira de um Santo António, que nunca mais chegamos a saber se é de Pádua ou se é de Lisboa, voltámos a navegar naquele mar de azeite ( pensava eu ) que nos levaria a imaginar novas aventuras com a aproximação das férias grandes. Este súbito calor que nos empurra para as praias mais próximas, veio cheio de poeiras dos desertos do Norte de África, como todos os anos acontece, e que uma chuva quente e inesperada, ajudou a depositar-se sobre os nossos carros. E este acontecimento, veio mais uma vez lembrar-me, como estamos tão perto de um conflito rácico, que se agrava de dia para dia.

Ao ler as notícias que nos chegam diariamente às mãos, fico pensativo e mais ainda preocupado, com as torrentes de opinião, tão diversas como chocantes. Talvez, mais fundamentadas pelos egoísmos, do que pela seriedade do problema. E assim, vamos caminhando por veredas pedregosas, mais num corta mato, sem sabermos o que nos espera no final do caminho…!

Habituados a centenas de anos de contactos com os povos africanos, fomos compreendendo a sua maneira de viver, moldando-os à nossa moral cristã, respeitando em simultâneo, as suas crenças e os seus hábitos, desde que eles não ofendessem os direitos à vida e à dignidade humana. Pela minha experiência africana, das vezes que por lá andei, verifiquei que nem sempre isso acontecia, em casos pontuais, que me desgradavam vivamente…!

O que se está passando por África, não é mais do que a acumulação de erros de colonização e de uma descolonização apressada, deixando aqueles povos à mercê da cobiça de outros, apenas com uma escassa escolaridade e impreparação da maoria para se governar num mundo de cinismo e de interesses. E a Europa, sempre tão perto e sempre tão presente naquele Continente, da forma como a história do último século a conta, não pode por-se de lado, encerrando fronteiras como começou, desumanamente, a fazê-lo.

Recordo o chamado Congo Belga e o problema do Catanga. A Nigéria e o Biafra. A Rodésia. O Kénia com as suas lutas tribais, e todos os outros problemas que se arrastaram atá à presente data. O que sobrou para a Antiga União Sovietica e para os Estados Unidos da América, sempre tão defensores das liberdades dos povos, foi apenas um fechar de portas e um lavar de mãos…!

E esta Europa, com que sempre sonhei, desde a altura em que coloquei, ingenuamente, um pequeno emblema com a sigla EU, no meu Renault Dauphine, em 1968/69, para admiração de muita gente, o que faz ela, além de desiludir quem nela tanto acreditou ?

Que diriam aquelas figuras proeminentes de uma Europa que se unia aos poucos, como Jean Monnet, Robert Schuman, André Malraux, Spack, Adenauer, Giscard d´Estaing, Jaques Chirac e François Miterrand ? Uma Europa que vê reduzir a sua população, sem compreender os motivos porque esse fenomeno acontece ? A necessidade de evitar filhos, pela simples razão de não os poder sustentar e pelo alto preço da desigualdade entre o homem e a mulher, sabendo-se que em igualdade, os rendimentos subiriam, havendo quem calcule que as receitas do Estado aumentariam consideravelmente, dando lugar a uma maior fluidez dos dinheiros, fortalecendo a continuidade e a segurança social, sem ter que recorrer a imigrações forçadas, de duvidoso resultado ?

E todos sabemos, que as migrações da forma como se apresentam, não trazem a felicidade a quem tem que abandonar tudo o que tinha de bens, deixando os seus mortos pelo caminho e os seus bens à pilhagem criminosa de oportunistas. A solução terá que ser outra. Eles têm uma Pátria para onde poderíam voltar em segurança, se todo o Ocidente se organisasse nesse sentido, e nunca para campos de concentração, quiçá de escolha de capacidades físicas, como se prevêm na Hungría  e outros da Europa Central  ! E nisto, parece que os portugueses, uma vez mais, vão conseguir dar exemplos. Assim António Guterres e agora também António Victorino, um pela Onu e outro pela Organização Mundial de Migrações, consigam remover todos os imbróglios criados neste início de século, a prever  novas loucuras…!

A Europa não sobreviverá, se continuar a olhar-se para si própria…!

 

 

 

 

 

 

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