Quantos de nós, estaremos recordados dos tempos dos comboios a vapor ? E é interessante, relembrar como eram lentos aqueles comboios fumegantes, que nos deixavam quase sufocados no túnel do Rossio, mesmo que para o evitar, fechássemos todas as janelas da carruagem, tapando o nariz com um lenço.
Não era a CP de hoje, meio falida, como dizem nos noticiários, mas uma CP que mal ou bem, nos ia dando a oportunidade de utilizarmos o comboio com a segurança relativa à época, mesmo com os atrasos habituais.
Lembro-me bem dos comboios ronceiros, que paravam em Alfarelos, numa eternidade de tempo para meter água, aproveitando-se o momento para comprar umas arrufadas de Coimbra ou qualquer outra iguaria da região, ou ainda uma bilha de barro, com água fresca, sabe-se lá de que fonte ou de que poço.
Os tempos não param e a CP, na senda do progresso, ainda em plena 2ª Guerra Mundial, lançou um novo comboio a que chamou o Flecha de Prata, ligando Lisboa / Porto e vice-versa. De fabrico nacional, nas próprias oficinas da CP do Barreiro, sob licença da Budd americana. Um comboio surpreendentemente confortável, em aço inoxidável, que só a tecnologia americana podia oferecer, em confronto com as circunstâncias vividas nesta Europa em que vivíamos…!
Seria caricato, imaginarmos hoje, um comboio desta classe, rebocado por uma locomotiva negra, a vapor, lançando ciscos pelo ar, a mascarrar-nos os colarinhos das camisas de popeline imaculada…!
Com o aparecimento das Diesel-Eléctricas, as máquinas a vapor começaram a ser desmanchadas, engrossando os parques de sucata. Só os museus poderiam ter interesse na sua manutenção. Talvez das mais conhecidas pelos seus serviços e desempenhos…! Com os tempos, o saudosismo veio a incrementar a procura dessas já velhas máquinas para fins turísticos, dando-lhes novos itinerários, em passeios históricos do vapor.
E nós por cá, distraídos com as novas tecnologias, fomos perdendo esse potencial, talvez por ignorância ou por desinteresse, mais interessados em fazer dinheiro, com uma venda surpreendente de sucata.
E aqui, quero contar a história, em género foto novela, da CP 327 e CP 211, que antes tinham andado a percorrer a via métrica da Linha do Vouga, além de outras Linhas há muito abandonadas. Bem que esperaram por novas iniciativas turísticas em Portugal…! Agora, como emigrantes, vivem felizes e atarefadas, num percurso turístico do Sul de França, a partir da cidade de Nice. Train des Pignes…! Os franceses, bons conhecedores de Caminhos de Ferro e conhecedores da suas histórias, recuperaram-nas e deram o nome de La Portugaise, à CP 211 .
Bom Fim de Semana, e bons passeios na ” La Portugaise “…! Ne oublier pas…!
Uma bela e merecida “reforma activa” para uma composição que serviu muita gente !
Pelos meus 10-11 anos viajei na linha, também métrica e também já desaparecida, do Vale do Tâmega.
Em geral a viagem era feita em automotoras ( as “tramotolas” como dizia a rapaziada dos campos ) a diesel. Mas ao meio-dia chegava a Celorico de Basto o comboio correio, com máquina a vapor, a soltar faúlhas através dos campos. Raro não era o dia, no verão, em que os bombeiros não eram chamados para apagar um fogo nas matas !
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Um texto feito por quem sabe do assunto. Um excelente pedacinho de história que tanta falta nos faz.
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