A ÚLTIMA COLUNA

Um pequeno artigo de Mahita Gajanan, no último número da Time, deve ter sido visto ou lido por muitos dos que nos acompanham,  mas talvez mereça uma reflexão um pouco mais alongada. Fiquei extremamente sensibilizado com a notícia, pelo seu conteúdo e pelas comparações que poderão ser feitas à luz desse mesmo conteúdo.

O recente Comité para Proteção de Jornalistas, criado por Joel Simon, comemorou a sua criação com o lançamento de um livro intitulado “A Última Coluna”. A sua capa parece uma enorme mancha preta salpicada de branco mas, na realidade, trata-se de um conjunto de 1300 nomes de jornalistas. De jornalistas de todo o mundo, uns mais conhecidos que outros, mas todos sacrificados pela mesma razão: pelo relato da verdade.  Foram mortos “no cumprimento da sua profissão”, aquilo que os ingleses legalmente designam por “the line of duty”.

O livro é um conjunto das últimas peças escritas por esses profissionais e de pequenos documentários sobre as suas vidas.  Cada peça é uma peça mas, no seu conjunto somos confrontados com um documento explosivo da verdade que muitos não querem que se saiba.  O livro já foi apelidado de “O Livro dos Mortos” mas, ao longo das suas vidas, muitos deles já tinham sido ameaçados, eles ou as suas famílias, o que não os impediu de prosseguirem as suas missões.  Conforme diz Joel Simon:  “Quando olhamos para o conjunto de todas estas peças ficamos a saber o que é o jornalismo”.

Excelente exemplo para muito do falso jornalismo que se produz todos os dias em todo o mundo, em todos os países e no nosso também. A ética e a nobreza da profissão, que são ensinadas nas escolas da especialidade, são depois, menorizados e aviltados por aqueles que se intitulam de jornalistas mas que o deixaram de ser há muito tempo. Nunca os seus nomes poderão, claro, figurar num livro com esta dimensão moral.

O bom jornalismo faz-nos, realmente, muita falta. Um jornalismo de verdade, de opinião inteligente, de investigação, sem submissões nem dependências. Um jornalismo com espinha dorsal. Faz-nos muita falta!  E, principalmente, à democracia.

 

 

2 pensamentos sobre “A ÚLTIMA COLUNA

  1. Sempre me habituei a ler determinadas crónicas de certos jornalistas nacionais e estrangeiros, seguindo-as como exemplos, nem sempre com pontos de vista coincidentes, que me pareciam ser na altura, as mais correctas ou jincorrectas. Talvez pela forma honesta e imparcial de observar os momentos políticos. Autênticas lições de formação cívica e de ideais políticos, para quem tão pouco sabia, sobre o que seria mais ajustado, na convivência democrática. Demonstrações de uma vivência honesta, sem os habituais tendências, jogos de interesse e demagogias, tão devastadoras da opinião pública…!

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