Ainda sobre um tema, que muito nos preocupa, relacionado com as atitudes das pessoas, gostaria de explanar o que, aos poucos, me vai aparecendo à superfície da minha memoria…!

De entre os movimentos feministas, que com toda a razão e justiça, vão acontecendo por este mundo fora, começam a aparecer alguns outros mais extremados, colidindo com o relacionamento respeitoso e sempre apreciável entre o homem e a mulher. E sobre este pormenor áspero de relacionamentos, quanto da beleza da vida, se perde pelo divorcio entre estes mundos tão apaixonantes ? A poesia não seria a mesma, como as Estações do Ano, não seriam devedoras das mesmas paixões, sem os perfumes e os dias radiosos da Primavera…!

Apesar de nem sempre me sentir com as mesmas forças, de quando era ainda jovem, não deixarei nunca, de ceder um lugar, ou de gentilmente, dar prioridade de passagem a uma senhora, seja ela nova ou de idade, de aspecto rico ou pobre. Tudo, uma questão de ética cavalheiresca e de educação, talvez bebidas juntamente com as colheradas de óleo de fígado de bacalhau, que se tomavam em garoto.

Tenho observado, com bastante frequência, o ar de espanto ou de desinteresse, de algumas pessoas, quando cedo a passagem, sem darem um pequeno sinal de importância pela deferência, a que usualmente, já não vou ligando importância. A pequena vénia, já longe do tradicional cumprimento de uma civilização oriental, quase que desapareceu dos nossos hábitos. Também, e aqui com as razões óbvias, nas cartas comerciais, o ” De, V. Ex.as, Atentamente e Obrigado ” deixou de aparecer, por obsoleto e desnecessário, substituído pelo lacónico ” Com os melhores cumprimentos”, o que ainda é muito bom…!

Há poucos anos, no Metro de Londres, fui surpreendido pelo apelo de uma jovem bonita, que se propunha ceder-me o lugar sentado, por me ver de pé, pendurado numa daqueles punhos pendidos do tecto da carruagem. Não sem pensar na minha masculinidade , senti quase que o choque de um raio a percorrer-me o corpo, ao ver naquele momento, a inversão brusca de situações, que jamais poderia ter imaginado. Com um sorriso de boa empatia, declinei a gentil oferta, fazendo por esquecer, quanto deste mundo e quantas mudanças, ainda estarei para ver. As novas formas de civilização, baseadas em novos conceitos de vida, na evolução de uma sociedade igualitária de direitos e deveres, poderão, por desconhecimento ou por intenção, tomar rumos divergentes dos habituais. Sobre isso, penso que é uma tomada de opinião que os mais novos, lentamente formatarão, convergindo ou divergindo conforme o valor dos sentimentos incutidos…! Decididamente, sei que o mundo celeste das valsas não é revertível, porque lembra a muitos, as desigualdades sociais, os luxos desmedidos e a superficialidade da visão do mundo em que se vivia. Talvez, ainda se possa salvar o maravilhoso mundo rubro do tango, mesmo que seja reiniciado a dois, sob o som arrebatador das paixões…!