Eram tempos de guerra…!

Ontem, fui surpreendido com um pequeno convite de leitura que me apareceu no computador. Este mundo em que vivemos, é de certa forma um manancial de informação, que para alguns, como eu, gosta de rebuscar episódios antigos da história, e não sem uma pontinha de nostalgia dos tempos de juventude, levantando a nata dos anos há muito passados. Torna-se difícil, fazer comparações com os dias de hoje, onde tudo continua a acontecer sem explicação e se vai empurrando o mundo para caminhos de difícil retorno. E, destas pequenas notificações, sobressaiu uma que me interessou, sobre Portugal e o decorrer da 2ª Guerra Mundial : WWW.portugal1939-1945.org

Embora Portugal, se tivesse mantido num clima de paz, com a não intervenção no conflito, como todos nós sabemos largamente, o troar da guerra e todo o drama que ela representou na vida das pessoas, esteve sempre presente, pelas notícias dos jornais, em última hora, tantas vezes apregoadas pelas vozes já roucas dos ardinas, esgotando a carga dos seus largos sacos pendurados ao ombro, correndo pelas ruas de Lisboa. Uma figura típica, muito bem representada no Largo da Misericórdia, onde o polido do bronze, se faz reflectir do verdete das intempéries…!

Não obstante, a vida portuguesa ter sofrido falhas de abastecimento, que obrigavam a demoradas filas para o pão e mercearias, por força do racionamento e o atendimento através de senhas, sentíamos ainda, a diferença e o amargor estampado no rosto dos refugiados que se cruzavam connosco nas ruas. Vidas desfeitas. Figuras de uma história ainda tão recente e tão presente nas nossas memórias…! Histórias, que o tempo leva ao esquecimento e que hoje se repetem continuamente, com os mesmíssimos erros humanos…! Eram muitos, os refugiados que se integravam no nosso dia a dia, como vizinhos e colegas de escola. Muito aprendemos, descobrindo neles, a diferença dos hábitos e aliviando-nos um pouco, alguma da poeira provinciana que nos cobria, das inconveniências de uma sociedade fechada sobre si mesmo . Aos poucos, as senhoras, adaptando-se a uma vivência mais cosmopolita, trazida de países mais desenvolvidos, começavam a ser novos exemplos de uma sociedade mais moderna . Belgas, Franceses, Alemães e alguns Ingleses, e muitos Espanhois, ainda residentes, desde o conflito da guerra civil, procurando a paz de espírito e fugindo à destruição, que sem razão alguma, esmagara as suas vidas. O movimento expandia-se até às esplanadas dos cafés, procurando nelas, a tranquilidade de vida que se lhes tinha fugido, ironicamente servidos por criados submissos, que já não viam nas suas cidades…!

Ainda com os meus 7 anos, ( que ninguém subestime os registos de memória de um garoto desta idade ), ainda entretido nas pequenas lagoas, que a maré ao vazar, deixava junto às rochas da praia da Figueira da Foz, ouviu-se um burburinho entre os veraneantes daquele mês quente de Agosto de 1942. As pessoas questionavam-se, e alarmados, imaginavam o pior, pela queda de um avião militar inglês. Por avaria ou por efeito de combate a pouca distância dali, aquele avião aterrou na praia de Lavos, na outra margem da foz do Mondego. Os pormenores, passaram-me despercebidos. Eram os efeitos de uma guerra, que se estendia pelo Atlântico, tão próximos de nós. Um acontecimento alarmante, para quem vivia na paz de todos os dias e os prazeres de quem ainda podia gozar o sossego de uma férias verdadeiramente grandes…!

Este pequeno episódio, era apenas uma pequena parte, de muitos outros casos, que ontem consegui descobrir naquele Site. Imensos casos, passados na costa do nosso território neutro, ou em pleno mar, tão ou mais medonho que as fúrias da Natureza. E sempre a boa vontade de socorrer os outros, tão peculiar do nosso povo …!

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