A MÚSICA E A POLÍTICA

 

Ia começar a escrever um texto sobre Maestrinas, música portanto, e derrapei para uma notícia/comunicado, também com origem no mundo da música, de que não consegui libertar-me e à qual dei prioridade. Voltarei às maestrinas  a curto prazo.

Trata-se de uma notícia sobre o maestro venezuelano Gustavo Dudamel, atual diretor da orquestra Filarmónica de Los Angeles, onde vive, e que muitos de nós já  viram dirigir orquestras, incluindo a da Gulbenkian, em Lisboa, onde já veio algumas vezes.

Dudamel tem 38 anos e nasceu na cidade de Barquisimeto, no noroeste da Venezuela. Formou-se musicalmente, nos tempos de Hugo Chavez, no sistema público venezuelano de escolas de música, fundado por José António Abreu há 44 anos (Abreu faleceu no ano passado).  Um sistema que, segundo o próprio Dudamel, é  “Uma maravilha que graças à Revolução Bolivariana atinge atualmente mais de um milhão de crianças e jovens”. E essa orquestra da Juventude Bolivariana já tocou em Lisboa com grande êxito e enorme alegria. Dudamel é também maestro principal da Orquestra Sinfónica de Gotemburgo e da Orquestra Sinfónica Simon Bolivar. É requisitado por todas as salas de concerto e trouxe aos seus desempenhos uma alegria e novidade interpretativas que o tornaram absolutamente inovador na regência de peças com a maior reputação e responsabilidade.

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E foi este jovem, apaixonado pelo mundo e pelo qual o mundo se apaixonou, que escreveu, na semana passada,  um comunicado dirigido a Nicolás Maduro e ao exército em especial: “Invoco as autoridades das Forças Armadas a permitirem a entrada urgente da ajuda humanitária até àqueles que dela tanto precisam. Indo contra qualquer decisão justa e humana, impedindo a entrada da ajuda que a comunidade internacional está enviando, estarão a condenar inocentes.” Em resposta a este pedido (e a muitos outros oriundos de muitas partes do mundo) o vice-presidente Delcy Rodriguez chegou a afirmar que a ajuda enviada pelos Estados Unidos é “cancerígena” e “venenosa”.

Em 22 de Janeiro, véspera da autoproclamação de Juan Guaidó como Presidente Interino, Dudamel aproveitou a inauguração da sua estrela no Passeio dos Famosos em Hollywood, para deixar claro o seu apoio aos movimentos de protesto:  “O imenso clamor da maioria deve ser ouvido e respeitado”.

Todos no mundo, com as mais variadas atividades, podem dar o seu nome e o seu prestígio a causas que lhes pareçam justas e humanitárias. A música, desta vez através de Gustavo Dudamel, pode contribuir também para a superação do disparate político que se está a passar na Venezuela e para o qual o encolher de ombros das instituições e outros países é, simplesmente, aterrador. Há quem chame a isto de cripto-política.

 

 

 

Um pensamento sobre “A MÚSICA E A POLÍTICA

  1. Eu gostava de saber, sem dúvidas, com quem está a maioria dos venezuelanos.
    E para isso só há uma solução : eleição presidencial, livre e controlada pela ONU, como aliás diz há muito António Guterres

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