Não me tinha passado pela cabeça, fazer um reblog de um texto que não é meu. Mas aquela tasca, ou Adega dos Lagartos, como está a acontecer com muitas outras casas, mesmo de habitação, chamou-me a atenção, pela forma preocupante, como se fabricam dramas nesta sociedade desencontrada, sem qualquer rebuço de constrangimento, por parte dos operadores das grandes decisões. O país, não pode parar. E disso, não tenho a mais pequena dúvida…! Mas será assim necessário, ter que mexer no que já está instituído há dezenas de anos, alterando uma vida tradicional, uma parte atractiva da cidade, só porque tem que ser ali mesmo, por força de decisões tidas como irreversíveis ? Talvez ainda, de alguns casos de modas, como outros projectos, a atirar para fora de Lisboa, dezenas de escritórios, em modernos edifícios apropriados, mas longe dos transportes públicos convencionais, a duas ou três dezenas de quilómetros dos centros das cidades e da concentração de transportes alternativos. Longe, vai o tempo das ruas da baixa, sempre cheias de vida e transportes ali mesmo à mão de semear, fruto de um sistema nervoso empresarial, que se concentrava nas ruas da baixa, deixando os bairros periféricos para habitação e lazer. O Tagus Parque, O Centro Empresarial da Beloura e Mira Flores, são os que eu conheço melhor e me dá, ainda que uma magra ideia, das situações calamitosas dos acessos, aos funcionários que não possuam carro próprio e tenham comprado casa, noutros subúrbios opostos, pelo atractivo dos preços das habitações, ainda que as escolas para os filhos, viessem a obrigar a uma série de voltas, antes de se dirigirem para os empregos, sem atrasos de maior…! A Adega dos Lagartos, possivelmente irá passar à história, como poderá vir a ser a da Ginginha do Rossio, como já aconteceu com outras casas. Lisboa, dispersa-se. Talvez com desencontros, difíceis de solucionar…!
A Adega dos Lagartos vai fechar, a melhor tasca de Lisboa. Em frente trabalha António Mexia, que recebe 6 mil euros por dia, 2,1 milhões por ano. O Manuel ficará desempregado. Era a melhor tasca do Cais do Sodré, era também a última. Comia-se peixe fresco todos os dias – , era o que havia naquele dia, desde que fresco, e pagava-se 9 euros. Tudo incluído. Gostava de ir lá e sentar-me ao lado de trabalhadores, professores, gentes da CP, Carris, velhos intelectuais, operários ainda de calças sujas a comer, alguns dias até salmonetes frescos. Sempre a 9 euros. E de conversar com o Manuel, amigo do meu pai. O Manuel era o meu chef.
Uma vez ajudei a salva um papagaio deles de ser apreendido, fiz um post e os media foram lá, tinham lá ido os fanáticos dos animais e a GNR cobrado 30 mil euros por atentando…
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