Minhas raízes, tradições. A família. O passado. O mais perto e o mais longe que tenho dentro de mim. Uma bênção e um privilégio. Onde quero e preciso sempre voltar. Cheiros, cores, sentimentos, sensações, baús cheios de recordações. Vivências especiais. Afectos, momentos de humor e descontracção. Sabores e sons. Som ecoado dos relógios, dos risos e das pessoas. Cheiro dos armários, das madeiras, das roupas, das coisas. Cheiros, aromas e sabores dos doces, do queijo, dos cozinhados vindos da cozinha, do melão, das flores, dos natais e das férias. Férias campestres e serranas, daqueles dias de liberdade. Fantásticos serões prolongados por conversas sábias, por provérbios, estórias e História de Portugal. Jogos de cartas. Uma camilha e todos à roda. Caminhadas ao entardecer e ao cair da noite. Figos, um tanque e o muito apreciado passeio de carro-de-mão. Uma chave na porta. O prolongamento da família. Um violino e um melódico assobiar. Música no coração.
Os meus Avós foram, são e serão para sempre a minha terra dos sonhos. O pensamento e a recordação dos mais importantes lugares com vida própria. Lugares que retêm a vida que os animou e que são eternos na minha memória…
(de 2013/2014)
Velhos são os trapos 
Muito bom…! Belíssimas páginas da vida. Que recordação mais doce, pode haver, do que a dos nossos ainda poucos anos…? Cada canto da sala ou da casa, a fazer-nos reviver uma vida despreocupada. Dos sons tão familiares, da nossa existência. Do estalar dos móveis, quebrando o silêncio dos nossos pensamentos. Ou o ranger do soalho encerado, denunciando alguém que se aproximava e nos chamava para lanchar. As janelas compridas, que nos iluminavam até ao entardecer, por onde se ouviam os pássaros no seu vai e vem inconstante. A porta de entrada, que dava para o jardim e o portão de ferro ainda mais pesado, a precisar de óleo nos gonzos, guinchando, onde me pendurava, em pequenas aventuras…!
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Lindo texto. Para quem já é avô ainda é mais saboroso. Parabéns.
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