Vou hoje falar de um projeto teatral que se desenrola entre nós e que merece, em minha opinião, ser muito divulgado. Trata-se do musical Chicago que se encontra em cena no bonito teatro Trindade, em Lisboa.
Chicago é uma história criada nos anos 20 do século passado assente em factos verídicos da época: duas mulheres (Belva Gaertner e Beulah Annan) acusadas de assassinarem os seus amantes. Uma peça originalmente escrita pela jornalista Maurine Dallas Watkins, do Chicago Tribune, que fazia a cobertura de homicídios do jornal. Foram diversas as versões ao longo dos anos que materializaram a peça de Maurine. Em teatro e cinema. Recordo apenas a versão cinematográfica de 2002 que, para além do êxito alcançado com o seu tema musical All That Jazz , conseguiu reunir três atores que ainda hoje nos trazem boas memórias: Catherina Zeta-Jones, Renée Zellweger e Richard Gere. Por tudo isto e pelo amável convite que recebi da Associação Mutualista Montepio Geral (patrocinador do espetáculo) resolvi ir ver a versão portuguesa do famoso musical. Devo dizer que gostei de tudo, das encenações, das adaptações musicais, dos efeitos de palco e dos atores, sobretudo dos atores. Por curiosidade fui consultar, no programa disponível, os curricula daquele punhado de atores, cantores, bailarinos e músicos.
Para além dos 10 responsáveis pelas diferentes vertentes do espetáculo (encenação, direção musical, coreografia, figurinos, cenografia, desenho de luz, vídeo, tradução, tradução de canções e assistente de encenação), todos profissionais habilitadíssimos, situei-me, com um pouco mais de detalhe, nos 24 jovens profissionais que deram corpo ao que fomos vendo durante todo o espetáculo. Entre atores, cantores, bailarinos, músicos todos pertencem a uma nova geração de gente habilitada com cursos superiores das especialidades, com provas dadas em diferentes países nos seus percursos académicos e de pós-graduação, incluindo participações em espetáculos importantes em diferentes cidades onde se formaram e viveram. De entre os 24 há dois mais seniores, bem conhecidos no nosso meio, que não deixam as suas responsabilidades por mão alheias e criam momentos de grande qualidade.
Porquê este texto? Serve para realçar aquilo que, em minha opinião, é o mais importante daquele espetáculo: a enorme qualidade profissional da juventude em palco e da indispensabilidade que isso se verifique em permanência. Nas artes, claro, mas não só nas artes. Em todas as atividades atuais e futuras (porque há muitas que nem sequer adivinhamos) o estímulo e apoio à alta formação é uma obrigação da nossa sociedade. Só com enorme qualidade em todas as atividades de toda a juventude o país poderá aspirar a maiores expectativas globais, ser um país cada vez melhor na enorme concorrência a que se assiste em todo o mundo. É na juventude que reside o nosso “ouro e a nossa riqueza”, é para ela que as sociedades devem trabalhar para que, no futuro, sejam eles a melhor cuidar daquilo que nós não soubemos ou não pudemos fazer. E os nossos jovens do Chicago são um excelente exemplo do esforço, do talento, da perseverança que por aí andam e que nos cumpre preservar e apoiar. Mantendo sempre o respeito pela equidade, pela solidariedade e por todos os mais altos valores da sociedade livre e democrática em que nos inserimos.
É tempo da juventude, é tempo de ir ver Chicago !
Caro Manuel José, abriste-me o apetite para ir ver o espectáculo !
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