Evidentemente que o título deste “post” serve apenas para aguçar a curiosidade de eventuais leitores que decidam espiar o que por aqui se escreve. O assunto é, realmente, muito sério e tem vindo a merecer, desde há muitos anos, a atenção e os apelos que as maiores entidades internacionais têm feito à população mundial. O problema da poluição ambiental é, para todos, demasiado evidente e tanto os cientistas como os meios de comunicação social não se eximem em transmitir todas as preocupações e os efeitos que, por todo o mundo, já se constatam. Sem querer, nem poder, aprofundar um tema tão complexo não resisti, no entanto, à tentação de consultar algumas estatísticas e abalizadas opiniões sobre este candente tema reconhecendo, naturalmente, que apenas navego na “espuma” dos factos.
Desde há uns tempos, e como reconhecido apreciador do tradicional bife de vaca, preocupei-me em perceber se o meu esporádico consumo desse “bem gastronómico” contribuiria significativamente para o bem estar dos meus amigos mais próximos e que tanto prezo. Um reputado professor português declara, num simpático artigo publicado no jornal Público, que “a emissão de gases com efeito de estufa provenientes da carne e do leite em Portugal é de 0,007% das emissões globais desses gases, ou seja: nada!” . Mas, claro, vai mais longe: aponta a evolução da produção gobal de carne no mundo e apresenta registos da FAOSTAT onde se pode ver que dos cerca de 50 milhões de toneladas produzidas em 1961 se passou para os cerca de 300 milhões em 2013; e que essa evolução na União Europeia subiu, no mesmo período de tempo, dos cerca de 18 para os também cerca de 43 milhões de toneladas. Anualmente, emitem-se, em média, no globo, 52 gigatoneladas de CO2, das quais 23% se devem à atividade agrícola. Os outros 77% devem-se às restantes atividades humanas: produção de energia, indústria, transportes, entre outros.
Este pequeno apontamento reporta-nos para um outro artigo do The Guardian, bastante mais extenso e detalhado, onde encontramos registos muito interessantes. Os atuais 5 maiores poluidores mundiais são respetivamente: 1) Saudi Aramco, Arábia Saudita, com a emissão, de 1965 a 2017, de 59.692 milhões de toneladas de CO2 (4,38% da produção mundial). E tem projetos de ampliação que elevará a produção, de 2018 a 2030, em 20%. 2) Chevron, US, com a produção, também de 1965 a 2017, de 43.345 milhões de toneladas de CO2 (3,2% do total). Projeta também aumentar em 20% até 2030. 3) Gazprom, Russia, com uma produção, para o mesmo período, de 43.230 milhões de toneladas (3,19% do total). Projeta aumentar a produção em 3% até 2030. 4) Exxon Mobil, US, com a produção de 41.904 milhões para o mesmo período (3,09% do total) e com um aumento previsto de 35% até 2030. 5) National Iranian Oil Co, Irão, com a produção de 35.658 milhões no mesmo período (2,63% do global) e prevendo um aumento de 9,7% até 2030.
Os alertas para este fenómeno vêm sendo lançados desde 1959. Nesse ano, o físico Edward Teller avisou a Indústria Americana do Petróleo que um aumento de 10% de CO2 poderia derreter aa zonas geladas do globo e submergir Nova York. E, desde aí, praticamente sem interrupção, todos os congressos e cientistas individuais de investigação se têm vindo a pronunciar no mesmo sentido. No entanto, sabe-se que as maiores empresas petrolíferas do mundo contribuiram, em 2017, com 500.000 dólares, cada uma, para a eleição de Donald Trump. Como haveria o homem de continuar a alinhar no Acordo de Paris?
O tema é, como se vê, muito complexo e, sem dúvida, preocupante. Os tufões, as tempestades, as inundações, os nevoeiros urbanos, as inversões das estações por todo o mundo podem bem ser indicadores do desmazelo mundial. Claro que a natureza, na sua insondável sabedoria, trata de reorganizar estes sistemas mas, quase sempre, com grandes danos para a humanidade.
Era bom que se reorganizasse o mundo mas, pelas estatísticas e propósitos anunciados, não nos parece que isso seja fácil. Se fizermos o que está à nossa mão já será um contributo importante mas, para já, acho que ainda não é altura de desistir do meu bife. E, francamente, as doces expressões das vacas açoreanas que se vêem nos anúncios da televisão ( tão enaltecidas pelo ex-Presidente Cavaco Silva) , pastando nos verdes insulares, ainda me tranquilizam quanto a esse meu inominável apreço pelo bife à café. Até um dia que os “vegans” mo proibam…
Depois de ler este texto, bastante elucidativo, senti-me mais descansado. Fico feliz, por aqueles 0,007% de emissões de gases, se terem transformado num redondo ” zero “, dando-nos a possibilidade de continuar a apreciar, descansadamente, os bons bifes da raça barrosã, sem que isso possa influenciar, mesmo que minimamente, na destruição das Calotas do Ártico…! E como ficaria a imagem daqueles chocolates da Suchard, sem as vaquinhas estampadas nas embalagens ?
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