TELETRABALHO 1

Estou a iniciar o meu teletrabalho de hoje. Não deixa de ser motivador e digamos até, sinceramente, bastante confortável. Alguns dos meus amigos têm ido levantar, às instituições em que trabalham, os chamados “talões de teletrabalho”, o que lhes permite irem para casa fazer o que poderia ser feito no escritório e, ao mesmo tempo, a empresa ter a garantia de exercer o controle à distância do seu colaborador. Felizmente já levantei o meu “talão de teletrabalho” há muitos anos , quando a Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações me passaram os seus vitalícios e valiosíssimos atestados. Portanto, este método, agora tão falado por causa do maldito vírus, não me traz grandes novidades. Claro que o meu “patrão” é outro e, diga-se, muito menos exigente,  mas menos pressuroso em ver ou ler o resultado deste meu insano trabalho diário. Faço textos, poemas, entrevistas, intercalo-os com músicas, às vezes com gravuras de minha autoria (arrobos de trabalhos com pastel), tudo isto para ser lido ou visto por umas dúzias de amigos que, nas horas vagas ou, principalmente, quando as memórias lhes permitem lembrar-se, se distraem a ler, muitas vezes o que já sabem, outras vezes para que o sono venha mais depressa e a noite seja tranquila. Mas são meus amigos e isso, para mim, basta-me.

Esta introdução serve apenas para poder abordar a parte séria da questão. Há multidões de artigos em todos os periódicos e revistas a dizerem-nos “Como bem teletrabalhar” . Há já milhões de assalariados autorizados a ficar em casa, exercendo a sua atividade à distância. E há recomendações para essa atividade.  Deve-se reservar, em nossa casa, um local, o mais discreto possível, para o exercício da atividade que envolverá sempre o famoso computador e, muitas vezes, auscultadores que nos permitam estar em contacto permanente com os  colegas que continuam na empresa. Contrariamente ao que tem sido divulgado nos últimos tempos, o teletrabalho tem-se revelado de maior eficácia. O conforto domiciliário, a não perda de tempos e energias nas deslocações para o local habitual de trabalho, a possibilidade de olhar pelos filhos, quando os há, e de tomar um café ou beber um sumo quando lhe apetece sem o cerimonial da deslocação ao local apropriado no escritório, tudo isto são trunfos que têm vindo a ser explorados e afinados por trabalhadores e empresas. Claro que nem todas as atividades podem recorrer a este método mas para grande parte delas (áreas administrativas, financeiras, económicas, de projetos e programação de obras) os resultados têm sido vantajosos. Uma ida à empresa, uma vez por semana, tem sido, em muitos casos, suficiente para confrontar dados, discutir assuntos em conjunto e programar as próximas ações.

Com esta mudança de vida (não totalmente nova mas agora mais premente) sugerida ou imposta pelas contenções virais, começa a espalhar-se a ideia de que este método de trabalho tem muito de apelativo e humanizado. O mundo tem mudado muito nos últimos anos mas esta crise vai-nos obrigar a mudar ainda mais. Será que os teletrabalhadores de hoje estarão de acordo em regressar aos modelos antigos de trabalho em escritório? O futuro reserva-nos muitas surpresas e novidades.

Por mim cá vou ficando sem me queixar. Mas não esqueço, principalmente na minha idade, que estamos a viver a tal pandemia e, ficando em casa, como quase toda a gente, vou evitando o contágio e aumentando as hipóteses de superar esta fase terrível. Se os meus textos desaparecerem, subitamente, deste blogue, suspeitem de que o vírus andou por cá. Mas, enfim, todos temos de ir de qualquer maneira e, como se diz que estamos em guerra, será mais um desaparecido em combate.

Não levem muito a sério este aparente pessimismo. Sou otimista por convicção e acredito nos homens e na natureza ( e nas mulheres também, claro, antes que venha daí um #meetoo qualquer queixar-se da minha descriminação). Com todos os cuidados que os reponsáveis nos vão transmitindo,  muitos de nós sobraremos para contar como foi. As projeções logarítmicas executadas por matemáticos puros podem levar-nos a um pânico irremediável. Mas se a essas projeções juntarmos as outras variáveis resultantes das imensas ações que estão e ser realizadas e desenvolvidas, verificaremos que as projeções logarítmicas puras dos matemáticos se reduzirão e a humanidade ainda continuará viva para além da crise. Coisa que eles contestam mas que nunca aconteceu.

Ah! E para além de lerem (o que às vezes cansa os olhos) ouçam música, da que mais gostarem.  Há para todos os gostos e verão que o mundo ganha outra esperança…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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