TELETRABALHO 2

 

E cá estamos. Sem nos rirmos uns dos outros. Tudo em casa porque o Estado de Emergência é assim mesmo. O avolumar das preocupações continua e ninguém sabe prever o início da redução e quando se poderá ver alguma luz ao fundo do túnel. Não podemos facilitar, o assunto é mesmo sério mas estas oportunidades, se nos formos conseguindo salvar do famoso vírus, não são um vazio de vida. O espírito inventivo de cada um de nós ajudará a superar o isolamento a que fomos destinados. Li hoje um artigo de um distinto militar na reforma (daqueles que fizeram quatro comissões no ultramar em tempos de guerra colonial, cada comissão com mais de 2 anos, em muitos casos) dizendo que estas limitações lhe faziam lembrar os longos períodos perdido no mato, com refeições enlatadas e quase nada para ler. Hoje, que é Dia do Pai, é boa altura para muitos dos filhos que estão em casa,  perguntarem aos seus pais que andaram na guerra como foi aquilo naqueles tempos. Claro que houve muitos que não foram lá parar mas esses também talvez conheçam outros tipos de isolamento. Muitos dos jovens que constituem, hoje, o grosso da nossa sociedade, preocupam-se,  e bem,  com os pais, levando em conta as suas idades ou, pior que isso,  as suas debilidades. Alguns, no entanto, surpreendem-se com a serenidade dos progenitores e interpretam-na como o início da senilidade. Não, não é senilidade, é o comportamento mais tranquilo e mais resignado de quem já passou por outros riscos também muito graves. Levar com uma bala, ficar com um ferimento para sempre, é essencialmente comparável ao azar de apanhar com um vírus. Ao dizer-se que o país está em guerra é a melhor maneira de tipificar aquilo por que muitos dos Pais de hoje já passaram. E os que tiveram a felicidade de sobreviver, acreditam que ainda não será desta que a “tal bala” os apanhará. Mas é bom que não se esqueçam que o inimigo é diferente. Das outras vezes sabia-se por onde ele andava , agora não se sabe, não se vê, lava-se as mãos. É uma emboscada ainda maior.

Mas esqueçamos este revivalismo militar envolvido pelo Dia do Pai. O estar em casa tem, realmente, enormes vantagens. Como é inevitável, de quando em quando, lá se espreita a televisão. Que, para além de repetir sete vezes (já as contei) as notícias da véspera, permite-nos saber “que há uns relógios chiquíssimos, todos revestidos a banho de ouro,  pelo incrível preço de 20 Euros por mês, sem juros (não dizem o número de meses) e que é preciso telefonarmos depressa porque se estão quase a esgotar”! Mas fiquei também encantado com uma senhora muito simpática que, num supermercado pergunta a um jovem onde está um determinado produto. O jovem, extremamente simpático, diz-lhe: “Eu vou lá com a senhora! E recomenda-lhe outros produtos frescos e fantásticos. A senhora, encantada, diz-lhe: “Vê-se bem que gosta de trabalhar aqui…  Não, minha senhora, eu não trabalho aqui”. E vai ter com a família. Acho o anúncio delicioso porque isto já me aconteceu algumas vezes… Perguntar a um jovem que olhava para as prateleiras se sabia onde estava um produto que eu procurava. E ele, simpático, (ainda hoje me lembro) respondeu-me:  “Não faço a mínima ideia, também ando aqui à rasca à procura de algodão!” Era cliente como eu, claro, e por isso acho tanta graça ao anúncio que estão a passar. E há lâminas de barbear fantásticas que não se vendem em lojas (!…), panelas de pressão que cozinham mais depressa que as que nós usamos em casa… Tudo isto eu tenho aprendido neste interregno de vida, com os mergulhos que dou na televisão.

Mas não, a minha vida é mais do que isso. No Dia do Pai, claro, escrevemos umas coisas mais soltas mas há outros textos que saem com mais seriedade. A leitura e a música (não se esqueçam da música) são bons motivos para fazermos desta época uma estação de criatividade e beleza espiritual. Para os que trabalham em casa, os tais do teletrabalho, aqui me têm,  acompanhando-vos de corpo e alma. No dia de hoje não posso deixar de endereçar uma palavra muito especial para uma neta minha, enfermeira, que está destacada no deparatamento Covid do seu Hospital. Ela é das que não precisam que a alertem para nada. Ela sabe, muito bem, o que tem que fazer e como fazer. No Dia do Pai todos os Pais estão contigo e com todos os teus colegas envolvidos na mesma missão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deixe um comentário

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s