Muita gente já conhece o Festival Internacional de Música de Marvão que este ano teria a sua 6ª edição, no próximo mês de Julho. O nosso convidado com quem conversámos este mês de Abril, João Bugalho, profundamente envolvido no acompanhamento desse festival, falou-nos dele nessa entrevista (que podem ver neste blogue) com imensa paixão e conhecimento de causa. Infelizmente o Festival não se realizará, por causa da pandemia covid19 em que ainda estamos mergulhados. Como a conversa/entrevista foi feita e gravada com antecedência, todos contávamos estar em Marvão em Julho para o Festival. Mas não será assim. Foi agora anunciada a sua não realização e adiamento para 2021 (23 de Julho a 8 de Agosto). O programa ainda não está definido, como se compreende.
Mas vale a pena falar um pouco deste Festival. Este ano seria dedicado ao 250º aniversário de Beethoven e haveria peças deste compositor em todos os dias do Festival. O adiamento para 2021 não retira essa comemoração, será o 251º aniversário, e parece ser mantida a ideia. E ainda bem, porque João Bugalho já começou o seu trabalho de pintar quadros sobre Beethoven para os expor durante o Festival. Terá mais tempo para os apurar… É curioso lembrar que, durante todos os dias do Festival, têm lugar quatro concertos: o primeiro de manhã, com música mais fácil (em princípio para atrair os jovens); o segundo à tarde, às vezes com uma merenda; o terceiro à hora nobre, para as peças mais complexas e, finalmente, um quarto, cerca das 23:30 h, para se apreciar a música e o maravilhoso ambiente noturno de Marvão. No entanto, e apesar do adiamento, acabo de ser informado que está prevista a celebração do aniversário de Beethoven com um recital de piano no dia 17 de Dezembro, na Quinta dos Olhos d’Água, sede da Academia Internacional de Marvão de Música, Artes e Ciência prevendo-se que sejam tocadas as seguintes obras de Beethoven: Variations Op. 34, Six Bagatelles Op. 126 e Sonata Op. 81a “Les Adieux”.
O Festival foi imaginado e tem sido realizado por um grande maestro alemão, Christoph Poppen que, há uns anos, se encantou pela terra, onde acabou por comprar uma casa. E a beleza e a magia de Marvão são tais que lhe ocorreu iniciar lá um festival de música clássica, ao ar livre, o que conseguiu a partir de 2014, e que tem granjeado enorme fama europeia. Está classificado entre os melhores 50 festivais de música na Europa. Não é coisa fácil… Poppen é maestro convidado principal da Orquestra de Câmara de Colónia e foi diretor artístico, entre 1995 e 2011, das Orquestras de Munique e da Rádio de Saarbruchen. Em todas as épocas tem dirigido peças também em interiores, nas belas igrejas do Marvão e de Castelo de Vide. A orquestra já contou com a participação de cerca de 600 músicos e tem atuado com o Coro da Gulbenkian. A fama do Festival já é tão grande que os músicos, vindos de todo o mundo, limitam-se a que as viagens lhes sejam pagas, não cobrando nada pela participação. Os cantores clássicos que se têm apresentado em todos os Festivais são de primeira linha. O Festival tem o Alto Patrocínio do Presidente da República e reune mecenas e promotores muito importantes. O Parque Natural da Serra do Marvão e, agora, o seu Festival anual merecem visitas incondicionais.
Este ano não haverá Festival mas, segundo a organização, o programa e a venda de bilhetes para 2021 aparecerão em breve. Se se derem ao trabalho de visitar o “site” do Festival na internet ficarão maravilhados e julgarão que as imagens pertencem a qualquer magnífico festival que vemos no YouTube por esse mundo. Mas não, são do Marvão… Até rima… E aqui fica uma alusão, para que não percam esta oportunidade. Quem nunca lá foi ficará, estamos certos, com vontade de voltar.