Já vos transmiti, em texto anterior, a minha predileção por ouvir e ver a Conferência de Imprensa Diária dada pelos responsáveis da Saúde no respetivo Ministério. Com o complemento dos comentários do Dr. Silva Graça ( o tal das camisolas), no noticiário da noite da RTP1, a minha informação sobre a Pandemia está satisfeita. Aquela gente diz o que tem e o que deve dizer, com toda a seriedade, e para mim chega. Aos outros, que encharcam todos os canais, durante todo o dia, chamo-lhes, depreciativamente, de “papagaios” porque falam do que não sabem e repisam o que já foi dito dezenas de vezes. Ouvi-los voluntariamente seria quase o mesmo que, como as freiras Carmelitas do convento de Compiègne, na altura da revolução francesa, caminhar para a guilhotina na Place da Révolution, ao som do “Salve Regina”. E isso, não.
Mas não quero deixar de comentar a parte deplorável das conferências de imprensa diárias. Após as declarações dos responsáveis que estão na mesa é dado à comunicação social um período para perguntas, em número limitado e com inscrição prévia. As perguntas, cujos autores, que não vemos, falam em nome de órgãos de comunicação com o prestígio e o acolhimento que a cada um deles é concedido pela sociedade e monotorizado pelas sondagens tornadas públicas. E é nessa altura que muita gente desliga a televisão (conheço muitos casos) e outros que, como eu, têm arregalado os olhos com a ignorância e a impertinência das perguntas. Não são perguntas, são, na sua grande maioria, ataques aos responsáveis, com insinuações éticas e políticas que só a indispensável paciência e a bonomia de quem está na mesa impede de os mandar para “sítios menos apropriados”. Já houve quem perguntasse e quisesse saber a identificação de todos os óbitos… Pergunta idiota por todas as razões, para além de ser inconstitucional, coisa que a jornalista desconhecia, claro. As perguntas/ataques sucedem-se a um ritmo vertiginoso de dia para dia e de disparate para disparate. O grande tema tem sido, claro, o das máscaras, do seu uso ou não uso, que tipo de máscaras, de pano de lençol ou de produto devidamente certificado, brancas ou de outras cores, se se devem usar nos transportes coletivos ou na casa de banho… Insinua-se ou, até claramente, se pergunta e fala da impreparação e má fé de informação dos responsáveis. É a ignorância em todo o seu esplendor! E os Responsáveis lá vão repetindo, pela enésima vez, como se deve lavar as mãos , como se deve andar de máscara, quantos testes são feitos durante a semana, quantos ventiladores já foram importados ou quantos já foram doados ou fabricados em Portugal. Isto é importante mas basta perguntar uma vez… Perante toda esta barafunda jornalística (embora condicionada em número, e ainda bem) há já quem se tenha lembrado de inspirar os Responsáveis da mesa a usarem máscaras e viseiras de proteção para impedirem a propagação de todos os vírus que devem andar por aquela sala. Eu talvez fosse mais longe e sugerisse aos serviços de segurança para irem prevendo uma blindagem acrílica em frente à mesa dos pacientes responsáveis para os protegerem de uma provável próxima fase que seria a de atirar com objetos aos preletores (produtos hortícolas, pedras ou equivalentes).
Sabemos que a democracia tem o seu preço, que nunca é baixo, mas sabemos também que a ignorância, a arrogância e a má-fé são poderosos inimigos dessa democracia. A educação e a cultura não se podem vender por um “prato de lentilhas”…
Manuel José, também ouço diariamente a conferência de imprensa da DGS e partilho inteiramente o que sentes quando ouves as perguntas repetidas, idiotas e de má fé dos perguntadores ( a quem tenho dúvidas de chamar jornalistas ). E também admiro a paciência didáctica e evangélica com que os responsáveis vão respondendo. Uma característica perversa destas , e doutras, conferências de imprensa nos tempos que correm é que os perguntadores podem ser indelicados e insultuosos q.q. ( quanto queiram ) e os responsáveis têm sempre de mostrar boa cara e até de agradecer as perguntas !
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Há um certo tipo de imprensa, que normalmente leio em diagonal. Na televisão, criei o hábito de escutar ou não, com a mão côncava junto ao ouvido, para ouvir com mais nitidez o que me parece mais interessante. Pode ser errado, mas parece-me ficar muito mais informado…!
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