Pergunto-me a mim mesmo, como sendo nós um povo de marinheiros, não conseguimos ter mais velas brancas a navegar no Tejo, ou ao largo das praias ? Talvez, porque sempre gostei de velejar e ter tido a satisfação de aproveitar o vento inesgotável, dominando-o, num equilíbrio de forças que nos possam levar a destinos calculados, ou simplesmente por desporto, fortalecendo-nos, e de nos sentirmos capazes de ir um pouco mais além do que pensávamos.
Tripular, mesmo que uma pequena embarcação, numa pequena regata, atentos ao vento para uma saída mais vantajosa, o nervosismo criado pelo bater das velas e da pequena ondulação de encontro ao costado, naquela longa espera, com os olhos atentos ao percurso estabelecido, até ao tiro de partida. Caçar a vela para uma bolina, até alcançar a próxima boia e rondá-la, virar de bordo as vezes necessárias para manter a velocidade e o rumo, seguindo as regras. Rondar as boias por bombordo ou estibordo, com o mínimo de descaimentos, caçar ou folgar velas em novas bolinas ou em largos e navegações à popa, içando o balão spinaker. Mão firme na cana do leme, mantendo o rumo, até cortar a meta, cria-nos a sensação de sermos capazes de ir mais além…!
E assim nasce a vontade de se ir mais longe, no meio do convívio e da festa, com outros participantes já conhecidos de outros encontros. Talvez o sonho de uma regata oceânica até às ilhas, com os apoios dos clubes internacionais, que acabamos quase sempre por não realisar. Quem não gostaria de ir beber um Gin com água Tónica ao Peter´s , ou um jantar convívio, com gente que gosta de desporto e do mar, levando muitos elementos da sua família, na aventura, de pais para filhos, mesmo que o desconforto se atravessasse nesses sonhos de gente teimosa ?
Ontem, no Canal 2 da RTP, passou uma reportagem de uma dessas regatas organisada pela OCC – Ocean Cruising Club e o Peter´s Café Sport, na cidade da Horta, comemorando os 100 anos deste conhecido Café.
Eram cerca de quarenta e seis veleiros, desde largos tempos, vindos dos pontos mais longínquos, como desde a Nova Zelândia e Estados Unidos para se encontrarem de novo, numa festa da vela e reverem velhos amigos, de todas as latitudes.
Contrariado, terei que terminar, como comecei . Não obstante, os esforços de alguns Clubes Náuticos e as suas escolas de vela, espalhados pelo país, pouco se tem vindo a fazer. Recordo, com saudade, os tempos do Clube Naval de LIsboa, a Associação Naval e o Clube Naval de Cascais, que ainda com outros pequenos Clubes quase desconhecidos pelo Norte e Algarve, ainda hoje, vão fazendo os possíveis para manter este desporto de pé…!
Esta foto, é do meu filho Rui Paulo, em Ostende – Bélgica .

Muito bem. Vê-se que foi escrito por um marinheiro. Já estive no Peter’s mas penalizo-me por não ter dado pelo centenário.
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