A Ministra da Agricultura alemã, Julia Klockner, desencantou uma virtuosa lei estival que deixou os seus compatriotas assombrados, incluindo muitos dos seus colegas de partido, a CDU. A lei, baseada naquilo que ela apelidou de “Dogs Act”, só entrará em vigor em Janeiro de 2021 se, até lá, nada acontecer de especial. Entre nós aconteceria com toda a certeza mas os alemães, muito mais estrategas, poderão conduzir a coisa de formas diferentes. Mas vamos explicar: propõe a jovem Julia que todos os cães domésticos, devidamente legalizados, deverão ser, obrigatoriamente passeados pelos seus donos duas vezes por dia, em que cada passeio não poderá durar menos de uma hora. Acabaram-se as voltinhas ao quarteirão. Ela acha que os 9,4 milhões de cães domésticos alemães não praticam o exercício necessário para a sua robustez, inclusive não sendo estimulados a contactar com outros animais.
O nosso PAN, que anda sempre bem informado, já deve estar a preparar uma proposta lusitana para apresentar na Assembleia da República assim que se reiniciem os trabalhos. Não há dúvida que para os donos dos cães será também um exercício muito estimulante, com enormes vantagens na sua preparação física. Não custa acreditar que, com este ritmo diário, os campeonatos nacionais e internacionais de atletismo passarão a contar com uma nova plêiade de atletas para quem as atividades motoras estariam há muito abandonadas. Claro que já há muitas questões no ar. Como controlar os 19% de casas que têm cães e garantir que os dois passeios, de uma hora cada, serão rigorosamente cumpridos? Claro que as tecnologias não param e, nesta altura já todos os sábios informáticos têm uma aplicação para registar os tempos dos passeios, porque os polícias não chegam… Também os fabricantes de cadeiras de rodas já criaram novas gamas que permitem aos donos dos animais, que porventura sofram de doenças cardíacas ou de locomoção, serem puxados pelos cães, com trelas adequadas, como aliás os esquimós sempre fizeram. Mas há também, segundo dizem os donos, muitos cães que preferem tomar banho nos rios em vez de caminharem. E os cães doentes? É só uma questão de ir ao veterinário e pedir um atestado de incapacidade.
Claro que há mentes maldosas que já sugerem que, na falta de cumprimento da lei, não haverá alternativa senão abater os animais. Coisa que, convenhamos, poderá ser um objetivo de longo prazo… Abater os donos, isso não…
Como se vê, na Alemanha o verão também é aproveitado para tentar fazer passar umas “coisinhas”, nos intervalos da pandemia. Também não custa a crer que muitas pessoas que gostem de animais de estimação deixem de lado essa paixão o que irá, inevitavelmente, aumentar logaritmicamente o número de cães abandonados o que obrigará as autarquias a construirem alojamentos gigantescos, com expansões permanentes, para poderem cumprir o benévolo mandamento do amor aos animais. Como, aliás, já dizia S. Francisco de Assis que terá no próximo dia 4 de Outubro o seu dia de consagração internacional…
Eu não tenho cão.
Uma obrigatoriedade oportuna de levar o cão à rua, para se cruzar com a dona do Caniche do prédio ao lado, e que dá temas para longas conversas..!
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É POR ESTAS E POR OUTRAS QUE OS INGLESES CHAMAM AO VERÃO a silly season
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