NAGORNO-KARABAKH

Um amigo fez o favor de me enviar um magnífico artigo de um correspondente internacional da World Review, Ido Vock, sobre o tema em título: Nagorno-Karabakh (Conflito no Cáucaso). Já muitos leram sobre este assunto e não faltam especialistas que estudam o caso em profundidade. Mas, às vezes, não é pior lermos estes temas com maior simplicidade para melhor compreendermos o que se passa em regiões com as quais estamos menos familiarizados.

O conflito em torno das zonas montanhosas de Nagorno-Karabakh já dura há mais de 30 anos, antes da queda da União Soviética. No ano de 1990, houve uma guerra violentíssima no sul do Cáucaso entre as forças arménias e as do Azerbeijão que teve também uma forte vertente de limpeza étnica, com a morte de dezenas de milhares de pessoas de ambos os lados.

O conflito tem as suas origens na era de Staline quando o Sul do Cáucaso (hoje com 3 países independentes: Georgia, Armenia e Azerbeijão) fazia parte da União Soviética. As fronteiras do Azerbeijão foram desenhadas incluindo a zona de maioria arménia Nagorno-Karabakh, o que não fazia grande diferença porque ambas as zonas pertenciam ao mesmo estado. Mas quando a URSS colapsou Nagorno-Karabakh declarou a independência e, nessa altura, desencadeou-se uma guerra brutal entre as forças arménias e as do Azerbeijão, acabando o território por ganhar uma independência “de facto” como República de Artsakh, sob a tutela da Arménia. As negociações para resolver este conflito nunca chegaram a bom termo verificando-se, ao longo dos anos, muitos conflitos fronteiriços.

Os últimos e recentes combates terão sido planeados em Baku, capital Azeri com o apoio inequívoco da Turquia. Este país envolveu-se nesta disputa alimentando as suas tendências expansionistas,  como se tem verificado no Chipre e na Líbia, para satisfazer as suas ambições estratégicas e económicas. A própria Turquia terá apoiado a transferência de mercenários sírios para o Cáucaso, para combaterem os arménios.

A Europa, claro, vê-se numa encruzilhada. A Turquia é membro da NATO, organização que Macron já designou como “cérebro morto”, e por isso não pode deixar de recomendar soluções negociadas e pacíficas para o conflito. Mas, por outro lado, a Rússia e o Irão são aliados da Arménia, portanto contra a Turquia.

Sabemos que há séculos que os arménios não têm uma vida fácil na Europa e por aquelas regiões,  mas todos estes incidentes da História vão sendo absorvidos ou renovados pelas evoluções do mundo e das políticas internacionais. Todos percebemos qual a razão porque, nesta altura, não se tem ouvido uma palavra dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha sobre este caso. As preocupações deles são outras neste momento. E nós, europeus, vamos assistindo ao desenrolar dos acontecimentos com passividade e contenção. Macron talvez tenha razão nas suas propostas de recomposição da NATO.  Mas que, ao menos, compreendamos melhor o que por ali se passa. E o artigo de Ido Vock ajuda-nos a isso.

 

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