D. Duarte de Almeida, nascido em Vilharigues, Vila Pouca de Aguiar, foi Alferes-Mor de D. Afonso V de Portugal e tornou-se célebre pelo seu acto de valentia na Batalha de Toro, iniciada a 1 de Março de 1476, faz hoje precisamente 545 anos. A batalha de Toro travou-se entre forças portuguesas e castelhanas por razões de estado de D. Afonso V. Há descrições muito completas desta batalha e dos seus contornos políticos da época de que me dispenso hoje aqui citar. Toro é um município de Espanha, na província de Zamora, situada junto ao rio Douro, perto da fronteira com Portugal.
Nessa batalha, Duarte de Almeida estava responsável pelo estandarte real que defendeu incansavelmente mesmo depois de lhe terem cortado as mãos, segurando-o com os braços e com os dentes até ser aprisionado pelas tropas castelhanas. A bandeira foi recuperada por Gonçalo Pires Bandeira, mais tarde galardoado por D. João, quando rei. Duarte de Almeida foi conduzido para o acampamento castelhano e tratado num hospital em Castela. Os castelhanos louvaram o seu acto e, passados vários meses, depois de tratado, regressou a Portugal para viver com a família nas suas casas da Rua Nova da Judiaria, em Santarém.
Batalha de Toro
Ficou conhecido pelo “Decepado” e com lugar reservado na História portuguesa. O seu nome veio a ser homenageado como patrono de um Curso da Escola Naval iniciado em Outubro de 1955. Talvez não tenha sido por influência direta do Patrono mas o certo é que, ao longo dos anos, se criaram indeléveis laços de amizade entre os componentes do Curso. Todos, naturalmente, com as suas próprias histórias de vida mas sabendo sempre preservar, com obstinação, as ligações e amizade nascidas em 1955. Nos tempos que vivemos, de combate denodado à pandemia que nos invadiu, sobra tempo para pensar no que terá sido a luta desigual protagonizada por Duarte de Almeida. Desde 1959, imagine-se, que esses camaradas (como se diz na Marinha) se encontram anualmente no dia 28 de Fevereiro, data das suas promoções a segundos-tenentes. Sem falhas nem omissões. Ao princípio eram jantares que mais tarde, por força das idades, passaram a ser almoços. Só não compareciam os que estavam ausentes em comissões de serviço. Mais tarde passaram a não comparecer, fisicamente, os que a morte foi levando. Mas sempre lembrados. Este ano a pandemia quis anular esse compromisso fundamental de 28 de Fevereiro, mantido há 62 anos. Mas a pandemia não conhecia a força do DA, talvez inspirado no exemplo do seu Patrono. E eles, os que puderam , lá estavam usando as modernas tecnologias, do Zoom neste caso.

Estão aqui os sete que se deixaram ver e que puderam falar. Mais alguns não conseguiram ligar-se mas um deles, como se pode comprovar pela foto junta, foi contactado telefonicamente. Foi uma reunião divertida, igual a todas as outras, incluindo piadas brejeiras que sempre foram o sal e a pimenta destas veterenas amizades.
Razão teve quem decidiu, há cerca de 66 anos, escolher como Patrono do Curso, D. Duarte de Almeida. Aqui fica, para memória futura, a fantástica originalidade desta reunião. Pode servir de exemplo para outros Cursos.