Como muitos outros dias, aquela manhã apresentava-se fresca, tocada por uma ligeira brisa vindo do mar. Uma ligeira neblina, envolvia-nos num manto sem cor, perdendo-se pelo comprimento da rua do comércio e alguns pubs. Poucas lojas apresentavam ainda as suas vitrines iluminadas, mostrando as últimas modas a anunciar um Natal antecipado já não muito distante. Era Cascais, em meados de Novembro, iniciando a beleza de uma época bem diferente daquela a que sempre nos habituámos a ver.
De vez em quando, uma aragem mais cortante, obrigava-nos a aconchegar a gola, protegendo-nos da humidade que se nos colava ao pescoço. Como aquela manhã se nos afigurava diferente dos dias cheios de Sol a convidar-nos a estender da toalha de banhos sobre a areia quente…! O som de uma música que me parecia conhecida, começou então a mostrar-se mais evidente, consoante nos íamos aproximando do fim da rua ainda sem cor. Eu conhecia bem aqueles sons melódicos…! Local Hero. Música de fundo do filme do mesmo nome, que tempos antes tinha visto num dos cinemas de estreia de Lisboa.
Aquela música deixara a rua sem qualquer espaço vazio, concorrendo com a névoa e a aragem fria.
Localizada a casa que tão satisfatoriamente nos embelezava aquela manhã, decidi entrar e confirmar a sua venda. Foi um dos últimos Long Play de 33 rotações que adquiri, que guardo religiosamente.
Aquela manhã que me parecia inicialmente estranha, acabou por se tornar num dos pontos importantes das minhas memórias, pela particular beleza de ter uma música que gosto de ouvir e me faz recordar, associada a um passeio diferente, com minha mulher,. Um passeio, sem pressas, jamais repetível…!
Belo relato de um passeio de saudade!
Sente-se a envolvência da música e a frescura de Cascais numa manhã sem sol.
Muito bonito!
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