Conhecem Maria da Graça Ventura? Eu não a conhecia. Falta minha. Foi por isso que li com entusiasmo o artigo publicado recentemente no “Jornal do Algarve” sobre a vida de “uma das mais raras e importantes investigadoras de estudos ibero-americanos, considerada a mais importante académica em Portugal sobre esse tema”.
“Maria da Graça Ventura nasceu a 6 de Setembro de 1956 em Marmelete, no concelho de Monchique e reside em Portimão desde os 10 anos de idade. Aposentada desde 2020 continua como investigadora de estudos ibero-americanos, integrada no Centro de História da Universidade de Lisboa. Concluiu a sua licenciatura em História em 1980, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez o mestrado em 1997 na área da História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, dissertando sobre “Os Portugueses na Hispano-América: viagens, expedições e trato (1492-1557)”. A tese do seu doutoramento em 2003 foi “Portugueses no Peru ao tempo da união ibérica: mobilidade, cumplicidades e vicências.” Depois de muitos cargos relevantes que desempenhou ao longo da vida é atualmente investigadora associada e membro da Associacion Española de Americanistas e da Associação de Historiadores Latino-Americanistas Europeus.
Perante tão vasto e difícil historial curricular interrogo-me sobre o enorme grupo de investigadores e cientistas portugueses que se encontram entre nós e a quem não se presta, sejamos sinceros, o reconhecimento que se lhes deve. Pegámos no nome de Maria da Graça Ventura porque o encontrámos justamente numa publicação algarvia que entendeu trazer à luz do dia uma personalidade da sua região que, fora do âmbito das suas atividades, escapa ao conhecimento da quase totalidade dos cidadãos. Muitas outras publicações de outras regiões já terão feito o mesmo mas esse mundo cultural e resiliente, que dedica a sua vida a temas fundamentais do conhecimento, não aparece nos “espelhos” daquilo a que todos os governos chamam “os seus interesses fundamentais pelo incremento da educação e da cultura”. Os painéis mediáticos têm pouco tempo para eles, as suas conversas são tidas como sensaboronas, e os espaços televisivos, principalmente, são ocupados por “fantásticos” opinadores, quase sempre os mesmos, sabiamente distribuidos por todos os canais para perorarem sobre os mesmos temas para, como dizia um amigo meu, “entreterem a rapaziada”. Há listas enormes sobre esses “sábios de almanaque”.
Por outro lado há poucas listas que incluam nomes como o de Maria da Graça Ventura que acaba de lançar o seu último livro “Por este Mar Adentro” (editora Tinta da China) que versa os êxitos e os fracassos da mareantes e emigrantes do Algarve na América Hispânica. Este é o seu último livro publicado, de uma série de 16 livros e tratados que escreveu ao longo da vida, desde o “Foral da Vila Nova de Portimão”, a biografia de “Manuel Teixeira Gomes: Ofício de viver” até ao “Municipalismo: 500 anos de forais manuelinos”. É uma obra longa, dirigida naturalmente a especialistas e interessados, que leva Maria da Graça Ventura a dirigir, atualmente, a coordenação de estudos do Mediterrâneo.
Claro que não conto vasculhar a obra desta investigadora mas acho importante saber que existe, entre nós, gente cultíssima nas mais diversas áreas que permanece quase desconhecida do grande público. O apontamento deste nome serviu para alertar as nossas ideias do muito que há de importante no nosso país. Há mais vida para além das nossas rotinas…
Gostei de ler. É bom ficarmos a conhecer mais nomes das e dos que se dedicam a enriquecer o nosso património cultural
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