A Música e a vida

Desde sempre, o ser humano fez-se acompanhar pela música. Não sendo um entendido nesta matéria, e bem que gostaria de o ser, talvez pudesse aprofundar e encontrar melhores conhecimentos sobre a origem e o gosto pelos sons melodiosos de uma sinfonia. Um acompanhamento lúdico, ainda que abstrato, obtido pelos imensos sons da floresta, de onde doces trinados, misturados com o silvo dos ventos, saiem entre a ramagem colorida da floresta. O bater de asas e o bailado das folhas, interrompido pelo soturno piar do mocho, fora de uma partitura incompreensível, onde os graves e agudos se alternam imaginariamente, tornando toda aquele conjunto de sons estranhos, numa sinfonia experimental em vários andamentos. Ainda o tamborilar de passos lentos ou apressados, esmagando as folhas secas, marcando o ritmo de uma grande obra da natureza. Os trovões, fazendo estremecer o peito, como se tratasse de um aviso a quem ali entrasse e se propusesse destruir.
E têm sido tantos, os compositores que se deixaram influenciar por toda aquela beleza de sons, que os instrumentos de madeira, de certa forma, vieram reproduzir a vida das florestas na sua singela linguagem.
Hoje, sentados confortavelmente numa poltrona, podemos ouvir de olhos fechados, toda aquela sinfonia escondida entre o balancear das sombras. Grandes orquestras sinfónicas, transmitem-nos o que a alma de grandes compositores conseguiu captar, através da sua arte e sensibilidades para a música melódica.
E foram tantos, os que nos deixaram como herdeiros de boa música chamada clássica. Não me proponho mencionar os seus nomes, pois tornaria difícil enumera-los por ordem de importância.
Desde muito novo, que me fui habituando a ouvir música clássica, embora a minha irrequietude me puxasse para outros tipos bem mais apropriados àquela idade e à época que atravessava. No entanto, todo aquele ensinamento que os meus pais me ofereciam, muito ficou para recordar e reviver. A música, aquela grande companhia de todos nós, deixa marcas no tempo, que indelevelmente permanecem no nosso espírito.
Com muito sacrifício, grande parte das mesada que meu pai me dava, transformava em discos de 78 rotações que eu ouvia incessantemente. Não só a música que dali saía, mas a voz de cantores norte americanos, que me deliciava ouvir. Diana Durbin…! Um nome estranho para a maior parte dos jovens de hoje, seguido de outras vozes bem mais alegres, já desaparecidas do seu firmamento estrelado, como Dorys Day e Peggy Lee.
Ainda que já não fosse dos meus tempos, Jeanette MacDonald e Nelson Eddie, enchia os ouvidos dos mais velhos, recordando o cinema sonoro nos seus tempos primitivos. Meus próprios pais, falavam entusiasticamente desses filmes. Filmes, em que a opereta se fazia evidenciar na nova arte da cinematografia. Ainda reservo alguns momentos de ternura pela forma como encenavam os seus papeis principais de cantores, em filmes que nos pareciam já de outras épocas remotas. Uma dessas melodias ficou também na memória, que a minha mãe nos cantava, com as saudades do seu tempo de jovem casada. “Indian Love Call ” ! Era assim que se chamava a melodia, em que ambos contracenavam, aparecendo ele na sua elegante farda de Polícia Montada. Uma figura romântica, tão admirada nesse tempo, vindo das montanhas do Canadá.
Felizmente que muitas obras foram aparecendo entretanto, enchendo-nos de belíssimos momentos, numa epopeia de novos sons onde o gosto se apurou constantemente, deixando um rasto de sucessos que vamos inexoravelmente remetendo para um sotão, onde vamos amontoando recordações.
Não obstante as crises em que o mundo por vezes mergulha, a música continua a ser a grande companhia das pessoas, em momentos onde a solidão se instala…!

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