Pela comunicação social ficou-se a conhecer um dos mais recentes interesses do nosso Presidente da República : a praia de Monte Gordo. Tem sido lá visto e reconhecido com frequência e terá confessado, quando interrogado sobre essa nova paixão, que o local é calmo, amabilíssimo e, mais do que tudo, com uma temperatura da água do mar que não se encontra em mais nenhuma parte do continente. E tem razão no que diz, menos num pequeno detalhe: o local é calmo nesta altura mas no verão já há anos que se descobriu Monte Gordo e a calma, durante os 3 meses de verão, foi substituída por uma multidão de veraneantes que desfigura a vida serena, amável e tranquila que a região oferece em todo o ano. No resto o Presidente está completamente certo.
Talvez não chegue, no entanto, a entender o encanto com que os frequentadores de longa data de Monte Gordo tomaram conhecimento desta nova paixão presidencial. Conhecemos muitas famílias e amigos que, desde crianças, vão ou estão naquela maravilhosa localidade (já promovida a vila) e que relembram todos os anos e acontecimentos que acumularam ao longo das suas vidas. Algumas delas ainda relatam a existência do único toldo familiar que havia na praia e, uns anos mais tarde, um maior conjunto em que se juntavam outras famílias veraneantes. A água sempre quente como hoje, um casino dos anos 40 do século passado que era o ponto de encontro nos serões de verão . Muitos “pescaram” naquelas latitudes as companheiras das suas vidas. Dizia-se que eram de confiança e, tanto quanto se sabe, os méritos não diminuíram. Houve mesmo quem, por razões meramente afetivas, apelidasse Monte Gordo de “Capital do Mundo” . O que o nosso Presidente nos veio relembrar…
Vem talvez a propósito contar uma pequena história, pequena para nós mas inesquecível para os naturais, passada em 1960 e de que hoje ainda muitos se lembram. Como saberão as famosas celebrações Henriquinas foram realizadas ao longo do ano de 1960 e traduziram-se numa larga série de iniciativas. Foi nesse ano inaugurado o Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, foi criada a Ordem Honorífica do Infante D. Henrique e realizou-se, ao largo do promontório de Sagres, no Algarve, um desfile naval que incluiu navios das Armadas portuguesa, brasileira, argentina, canadiana, espanhola, dinamarquesa e mais algumas outras. O que talvez tenha sido mais apelativo foi o desfile dos grandes veleiros nos quais se incluíam a Sagres, que abria o desfile; o Mercator da Bélgica; o Denmark, da Dinamarca; o Juan Sebastian El Cano, da Espanha; o Christian Radich, Noruega e o Gorch Fock, da Alemanha. Ao largo de Sagres os veleiros cruzaram-se com todos os navios das outras Armadas, já referidos, numa formação que se estendeu por mais de 8 milhas e contando com mais de 13 mil marinheiros embarcados. Foi uma cerimónia histórica que ficou para a História.
Terminado o desfile os navios regressaram aos seus países tendo a Sagres ficado fundeada ao largo de Lagos. Foi, no entanto, decidido pelo Comando que a Sagres realizasse uma curta viagem pela costa algarvia para apetrecho da guarnição. E foi no limite dessa operação que a Sagres chegou a Monte Gordo e ali fundeou, apenas a umas centenas de metros da praia. Como se calcula, o alarido local foi imenso pois nunca tal se tinha visto nem ocorrido e julgo que até hoje não se repetiu. Para dar mais realismo à operação o comandante mandou arriar um zebro (embarcação de borracha com motor utilizada pelos fuzileiros) e, com oficial a bordo, foram apresentar cumprimentos aos que se encontravam em terra. Quando o zebro se aproximou da praia houve alguns civis que se apressaram a ajudar a chegada da embarcação à praia. Entre eles encontrava-se o Sr. António, banheiro de Monte Gordo, e que há cerca de 3/4 anos ainda contava essa façanha com muito orgulho. Infelizmente faleceu há pouco tempo e a sua fotografia veio no jornal local. Era o banheiro mais antigo da terra.
Veja-se o que o Senhor Presidente nos veio recordar. Esperamos que a sua nova paixão por Monte Gordo se mantenha por muito tempo para dar à terra o destaque que ela merece e que, como se vê, sempre mereceu. Para dar razão aos que dizem que Monte Gordo é a “Capital do Mundo”.
Aceito Monte Gordo como Capital basta o meu amigo Marques Da Silva ser o Regedor . Felicidades para todos e muita saúde para manterem este canal informativo dos bons acontecimentos culturais que este País tanto precisa.obrigado.
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Pois é verdade ! Monte Gordo, um nome que pronuncio sempre com extremo carinho, e me trás imensas recordações que se confundem com o azul maravilhoso do seu mar calmo. Sempre um convite a longos passeios à beira mar, procurando a frescura que nos distancia daquele turbulento Agosto…!
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