Há bem pouco tempo a Europa tinha 16 mulheres como chefe de Governo ou chefe de Estado, excluindo monarcas e incluindo, evidentemente a Presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen. E já passada a época da famosíssima Merkel. Incluem-se nesta estatística países como a França, a Escócia, a Grécia, a Suécia, a Dinamarca, a Finlândia, a Islândia, a Estónia, a Lituânia, a Eslováquia, a Hungria, a Georgia, a Sérvia, o Kosovo e a Moldávia. Não se pode dizer que seja mau para a sempre propalada igualdade de géneros em cargos de alta responsabilidade. Tudo isto depende das atividades partidárias, da empatia das populações para essa causa e, claro, da qualidade política e pessoal das candidatas. Outros países, como por exemplo o nosso, incluem nos seus governos um número apreciável de mulheres o que também será de elogiar. Será bom que, a prazo, os homens não venham a exigir, para eles próprios, o direito da igualdade de género. Salve-se a competência para o desempenho dos cargos e a coisa há-de manter o desejável objetivo da equidade.
Mas eis que, de repente, surgem casos aterradores entre as mulheres governantes, que parecem não fazer prova da serenidade deste caso na prática corrente da governação. O caso mais recente foi o de Nicola Sturgeon que renunciou subitamente ao cargo de Primeiro-Ministro da Escócia. Disse ela que: “na minha cabeça e no meu coração “ era o momento próprio para desistir e construir a sua própria vida fora da política. Utilizando as suas palavras: “Particularmente nos dias de hoje, praticamente não há privacidade. Coisas comuns como ir tomar um café com ao amigos ou passear por conta própria tornam-se muito difíceis. A natureza e a forma do discurso político moderno significam que há uma intensidade, atrevo-me a dizer brutalidade, à vida do político que tem um preço enorme sobre si e os seus familiares “.
Mas, segundo o Guardian, trata-se de ameaças de violência e de abuso contra as mulheres na política. Parece que o mesmo se vem passando com a deputada trabalhista Diane Abbott, a primeira deputada negra desde 1987, que declara que esteve quase a desistir por causa de múltiplas ameaças incluindo ataques racistas. “Alguns desses abusos revelam bastante sexualidades e refletem as ideias estereotipadas sobre as mulheres “. A antiga ministra pata a imigração, conservadora, Caroline Nikes, informou a polícia de ameaças de morte que recebeu. Dehenna Davidson conseguiu fazer prender um homem que lhe chamou “puta” e “neo-nazi“.
Podemos olhar para a Nova Zelândia e perceber as razões da demissão de Jacinta Arden, uma das mais prestigiadas e bem acolhidas por todo o povo. Em todo o mundo foi muito apreciada tendo-se mesmo criado o mito da “Jacindamania”. Ao apresentar a sua demissão disse que o fazia por estar mentalmente esgotada. “Depois de seis anos no governo, sempre com enormes desafios, verifiquei que sou humana “. Mas não deixou de acrescentar que “os políticos são humanos. Damos tudo o que podemos enquanto podemos mas depois chega a altura “. O ator neo-zelandês Sam Neill declarou: “A forma como a trataram nos últimos meses foram miseráveis e embaraçosos. Perseguições, misoginia, insultos. Merecia melhor. Uma grande líder”.
Muitos outros casos podiam ser evocados mas a sensação internacional é que, a despeito da propalada igualdade de género, as mentalidades retrógradas ou estupidamente extremistas continuam a fazer carreira. Isto não são só costumes, é política. E é contra essa política menor que todos devem estar atentos para a poderem combater.
Não. Suspeito que a política, por enquanto, não gosta de mulheres no poder.
O mundo, por vezes, tem destas coisas…! Avanços civilizacionais em que a mulher se torna elemento fundamental na vida das pessoas e das nações, pelo respeito, pela presença, aliada à beleza e ao bom senso. A predisposição para a governação, o sentido prático da vida e a sua força interior, tantas vezes escondida sob o seu ar frágil, são qualidades inatas da sua própria constituição feminina, que o homem, na sua cega vaidade, faz por esquecer.
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