José Artigas

Esta nossa cidade Lisboa, para quem tiver interesse em por ela vaguear, surpreende-nos, de quando em quando, com recantos e alguns memoriais que deviam merecer mais a nossa atenção.

Percorrendo, recentemente, a Avenida do Uruguai, país muito na moda para os que, como eu, são sportinguistas e admiradores de dois elementos famosos da sua equipa de futebol, o Sebastien Coates e o Manuel Ugarte, encalhei numa praceta ajardinada com um busto no centro. Fui ver de quem se tratava. É um belo busto de José Artigas, no pedestal do qual se inscrevem os seguintes dizeres: Fundador da Nacionalidade Uruguaia – Proteção dos Povos Livres. – Arauto da Liberdade e da Democracia na América. Viveu de 1764 a 1850.

Claro que deixei-me de futebolices e fui informar-me sobre a personalidade. Aqui fica confessada a minha ignorância sobre tão nobre figura. José Artigas (1764-1850) foi conhecido por Karaí-Guasú e nasceu em Montevidéu (capital do Uruguai) , cidade localizada na margem do famoso Rio da Prata, fundada em 1724 por um soldado espanhol quando da disputa hispano-portuguesa da Baía da Prata. Sem vasculhar com profundidade a História do país (missão que cabe aos especialistas) percebi que a constituição final do Uruguai não foi um assunto de somenos. Esteve sob o domínio britânico em 1807. Quando na Europa Napoleão Bonaparte toma conta de Espanha o governo de Buenos Aires declarou a independência do vice-reinado do Rio da Prata. Montevidéu revoltou-se (tudo sempre liderado por Artigas) e apoiado por tropas espanholas foi retomada em 1814.

Para que não deixássemos de ter um papel nestas “zaragata“ Montevidéu foi conquistada por Portugal em 1817 e tornou-se a capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve em 1821. Tornou-se, finalmente, independente, em 1843.

Foi o fim das lutas de José Artigas pelo seu país e pelo ideal democrático pelo qual sempre lutou. Tudo isto terá a ver com a serenidade política que o Uruguai tem vivido nestes anos da sua História. A América do Sul não é, no entanto, um alfobre de democracias plenas. Por lá têm passado e vão continuar a passar alguns autocratas que nunca deixarão saudades a ninguém.

Para os que já sabiam tudo isto o texto termina aqui, com os meus pedidos de desculpa pelo tempo que lhes ocupei. Para quem, como eu, que não conhecia o Artigas, sugiro que passem pela praceta com o seu nome antes de irem aplaudir o Coates e o Ugarte.

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