Muitos ou alguns de nós viram o último festival da Eurovisão. Uns viram na totalidade, outros iam espreitando os efeitos luminosos das canções de que, em muitos casos, nem as melodias se percebiam e acabavam, para a grande maioria dos espectadores, pobres ignorantes musicais, de lhes parecerem todas iguais. Como alguma exceções, claro.
Mas, no fim, a curiosidade aumentou para saber quem ganharia e para apreciar a lista dos resultados. A vencedora foi a Suécia, que o mundo das sondagens e das apostas já apontavam como vencedora. A seguir vieram a Finlândia, Israel, a Itália, a Noruega e a Ucrânia. O resto foi o que foi, ninguém decorou, com exceção dos portugueses que lá se contentaram com o 23º lugar. Nada de espantar. E a população foi-se deitar porque já era tarde.
Mas, apenas por curiosidade, voltemos ao tema. A Suécia ganhou com 243 votos públicos (telefónicos), a Finlândia com 376, Israel com 185, Itália com 174, a Noruega com 216 e a Ucrânia com 189. Enfim, pode ser que sim, que tenha sido mesmo assim. Mas agora mergulhemos um pouco mais nas vidas políticas desses países. A Suécia é o terceiro maior país da União Europeia, envolvida na NATO, e a História diz-nos que em 1809 a sua parte oriental foi perdida para a Rússia, o que é hoje a Finlândia. O seu governo tem por base os democratas suecos, partido de extrema direita. A seguir, a Finlândia, com 1300 km de fronteira com a Rússia e com os maiores temores do que dali poderá vir, é governado por um Partido de Coligação Nacional de centro-direita, com o Partido dos Finlandeses, de extrema direita, logo em segundo lugar. O seu envolvimento com a NATO também é conhecido. A seguir ficou Israel que, como todos sabemos, é o “jardim” governado pelo já famoso Bibi, de seu nome Netanyahu, “rapaz” também da extrema direita. A Itália, que ficou em 4º lugar, tem à frente do seu governo a também famosa Giorgia Meloni, dirigente do partido “Irmãos de Itália “, de extrema direita, claro. A Noruega está a ser governada pelo Partido da Direita e Partido do Progresso. A Ucrânia é a Ucrânia e ninguém na Europa se poderia esquecer de lhe dar votos, pelas mais meritórias razões.
Para além das canções, este é o panorama dos mais votados. Subliminar coincidência ou intenção deturpada de quem faz estas leituras? Não se poderá dizer que houve por aqui manipulação de resultados mas, pelo contrário, que a Europa foi capaz de pôr à frente os países que, nesta altura, mais lhe convinham. Todos, curiosamente, governados por gente de direita ou direita radical. Nada de especial, desde que sejam felizes, mas não nos admiremos do alastrar desta realidade pelo continente em que nos incluímos.
Isto das canções e da política tem muito que se lhe diga.
A euforia contagiante que acompanhava os primeiros festivais da eurovisão perderam-se no tempo. A beleza de algumas canções, mesmo que elas fossem, por vezes, modestamente tangíveis ao bom gosto musical, mostravam um certo esforço em pôr à prova a difícil arte de compor. E algumas ficaram no ouvido por muito tempo, pela beleza e a suavidade melodiosa, ou pela inovação, fugindo às tradicionais melodias, jogando com a surpresa. Nomeadamente, Mireille Mathieu maravilhou-nos com a sua voz extraordinária e de sabor parisiense, e Sandie Shaw, com a sua Puppet on a String, numa canção jovial, alegre e cheia de movimento ! O que se viu e se tem visto nos últimos tempos, é apenas uma prova de resistência e aquiescência viciosa do telespectador. Sinceramente, ainda tive a coragem de assistir a uma canção e meia, o que quer dizer que não resisti mais, e mudei de programa…!
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