A maçã a que me refiro é, evidentemente, a Big Apple, a nossa conhecida e inesquecível Nova Iorque, a cidade que nunca dorme. Pois é, nunca dorme mas, aos poucos, vem-se afundando desde há anos. Os seus 8,4 milhões de habitantes começam a preocupar-se com a subida das águas de 1 a 2 mm por ano.
A grande ilha-cidade pesa cerca de 590 mil toneladas (o equivalente ao peso de 140 milhões de elefantes). Desde 1950 a água que rodeia Nova Iorque subiu cerca de 22 cm e com a ameaça, cada vez mais presente, de furacões e tempestades climáticas, essa subida já está a ser uma enorme preocupação para todos os geólogos, cientistas e população. Desde o Secretário Geral das Nações Unidas e passando por todos os areópagos da investigação climática saem frequentes avisos quanto ao não respeito pelas normas das novas energias, pela continuação da utilização de combustíveis fósseis que contribuirão, segundo os cientistas, numa subida acelerada da temperatura do ar em todo o mundo, o que tornará este mundo irrespirável, não se sabe bem em que prazo. Mas que não será muito longo.
O nível das águas continuará, portanto, a subir, sem apelo nem agravo em todos os continentes. E o exemplo da Big Apple é apenas ilustrativo. Se calhar, daqui a muitos anos, a água do mar do Algarve chegará ao ressequido Alentejo e por aí se localizarão as grandes estâncias turísticas de verão.
Falo nisto, claro, com a consciência de que não assistirei a nada disso e não sei qual o patamar das minhas descendências que viverá esse novo mundo. Ao qual se irá, decerto, habituar, até que não haja mais terra e só água. Já houve filmes de ficção sobre isso. Talvez o recurso a outros planetas permita a vida a quem aqui não encontrar um espaçozinho para se acoitar.
Por isso talvez não seja mau que as novas gerações possam ir até Nova Iorque e possam ver a Estátua da Liberdade, subir ao topo do Empire State Building, ou outros, para que não cheguem lá numa altura em que o Empire seja apenas uma vivenda de dois andares como qualquer outra ali para os lados do Algueirão. Ou que da estátua se veja apenas a chama já sem o braço. O resto estará tudo debaixo de água.

Claro que tudo isto está escrito entre o humorismo, o satírico e a esperança de nunca ver estas desgraças. Mas que elas irão acontecer um dia, parece que sim. Quantos milhares de anos serão necessários para que isso aconteça? Que se pode ir fazendo para obviar a esta aparente inevitabilidade? A engenharia e a ciência climática irão conseguir encontrar soluções mais ou menos eficazes. Lembramo-nos bem o que, não há muitos anos, a engenharia fez para impedir a progressiva inclinação da Torre de Pisa, em Itália, assente em terrenos pouco consistentes que começaram a ceder pela força das águas. Nem todos os edifícios poderão ser construidos em cima de solo rochoso mas as planificações urbanísticas terão, cada vez mais, que levar em conta os progressos da civilização para que ele não se venha a destruir a si própria.
Enfim, que a Big Apple se está afundar parece ser mesmo verdade. Pelo sim, pelo não, os jovens, assim que possam, vão até lá. Eu já fui e gostei. As vistas são boas e a água está longe. Aproveitem!
Este assunto inspira cuidados, embora como foi dito, não será durante a nossa existência. Que há muito se sente a necessidade de rever certas construções para o lado mais ribeirinho das cidades, é uma realidade ! Mais pelas asneiras urbanísticas que mal previram as cheias que quase todos os anos assolam as cidades, como Lisboa e outras zonas do país. Pois, Manhatten, que também conheci e adorei, poderá ter os dias contados, como New Orleans e inevitavelmente a nossa Lisboa pombalina. Mas, de onde virá tanta água ? Uma pergunta que faço e nunca encontro resposta…!
Encolhendo os ombros, como de costume, talvez as tais areias de Portugal, possam vir a formar dunas, protegendo os avanços atrevidos das ondas, dando-nos, ainda que pouco, o prazer de estender as coloridas toalhas de banho, que tão criteriosamente guardamos de uns anos para os outros…!
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