Noutros tempos de Escola Naval aos testes ou exames periódicos, como hoje são conhecidos, chamava-se “repetições escritas ou orais “, conforme os casos. Nada de especialmente diferente, mas o nome era outro. Era divertido conviver-se com essa diferença que não sei se ainda hoje se mantém. Não tive o cuidado de perguntar, mas não é essencial para o meu texto de hoje.
Vou fazer uma Repetição Escrita de dois textos que já apareceram neste blogue. O primeiro foi publicado no dia 20 de Março e o outro no dia 9 de Julho. Tendo em conta notícias recentes de que tomei conhecimento, achei correto voltar a esses textos e acrescentar pormenores que me parecem importantes. Vamos a isto.
1 – ARSENAL DO ALFEITE – Publicado em 20/03/17
Esse meu texto teve por base informação do Diário de Notícias dessa data que destacava o bom trabalho que se estava a realizar no Arsenal do Alfeite. A administração estava empolgada e o desenvolvimento da sua programação estava e julgo que continua a estar em bom ritmo. Diversos técnicos portugueses (12) encontravam-se em Kiel, na Alemanha, para se especializarem nas operações de manutenção dos novos submarinos. Um programa sem dúvida importante para as atividades de estaleiros navais portugueses, essenciais para a nossa economia. Vi no Diário de Notícias de ontem que , para além do funcionamento normal em curso, está pendente a ampliação de uma nova doca que possa receber os já referidos submarinos. E esse atraso deve-se à disponibilização de uma verba de 6 milhões de Euros que já se encontra destinada, mas ainda não entregue. Não conheço nem são ditas as razões desta “cativação ” (palavra maldita) mas tenho esperança que o problema se resolva rapidamente, para bem de uma atividade fundamental para a economia nacional.
2 – MÚSICA E FESTIVAIS – Publicado em 9/07/17
Abordei neste dia e neste texto a excelente divulgação de música clássica feita no âmbito dos Concertos ao Largo, promovidos pelo teatro Nacional de S. Carlos , já na sua nona edição. Comparei essa iniciativa com os inúmeros festivais de música para a juventude que se realizam por todo o país, com a participação de conjuntos famosos.
Exprimi o desejo de, ao abrigo do mesmo tipo de promoção, poderem ser realizados também festivais de música clássica pelo país , onde fosse viável e possível. Não cuidei, no entanto, de mencionar algumas iniciativas que já se realizam neste domínio e que têm merecido a boa atenção de público mais identificado. É o caso, por exemplo, do Festival das Artes que está a ter lugar em Coimbra, na Quinta das Lágrimas, até ao dia 23 deste mês. São diversas e valiosas as participações neste festival que têm tido as suas lotações sempre esgotadas. Desde a Orquestra Metropolitana de Lisboa, passando por instrumentistas conceituados, Grupo Barroco e intérpretes destacados, tudo isso tem estado neste Festival. Tem sido tocada música de Beethoven, Richard Strauss, Brahms, Scarlatti, Mozart, Prokofiev, entre outros. O Festival foi, além disso, divulgado num noticiário da televisão e a sua não referência neste texto pecaria por injusta. Não conheço os meios a que os organizadores recorreram para levar a cabo esta bem sucedida iniciativa que começa a ser tradição anual naquele local. Mas estou certo que não é um empreendimento fácil.
Outros exemplos existem, de diferentes dimensões, ao longo do país mas continuo a pensar que é escassa a promoção de eventos deste tipo. Lisboa, Porto e outras cidades reunem condições para a realização de festivais com esta qualidade. Seria importante que surgissem entidades com o conhecimento e a vocação para levar a cabo projetos deste tipo. O público jovem tem muito apreço por este tipo de música e estará aí presente, como já está nos outros festivais. Talvez não sejam os mesmos, mas as lotações também se esgotarão. E com isso o ambiente cultural do país também ganha.
Lembro-me de há muitos, muitos anos, ainda no tempo do vinil, aparecer à venda nas lojas da especialidade da época um disco de 33 rotações com o nome de “Música Clássica Para Quem Não Sabe Nada Sobre Música Clássica”. O disco foi, claro, comprado para e pelos mais jovens e esgotou. Tenho um exemplar desse disco. E nesta época de tantos festivais, lembro-me muito dele e revisito-o na estante. Não o oiço há anos mas, qualquer dia, vou ouvi-lo de novo.
Dois assuntos interessantes para se fazer uma conversa ( por escrito ), por quem sabe ! E nisto, Manuel José, recolho-me à minha insignificância, preferindo receber algo muito mais consistente de sua parte…! E disso, estou eu certo ! Sobre o Alfeite, peço perdão pela minha santa ignorância, mas só o conheci nos tempos da velha Diu e da M.P.( desculpem-me recuar tantos anos ). Para fugir às marchas com uma Manelica aos ombros, como vanguardista, acabei por optar pela Marinharia e consequentemente, fazer muitos Lais de Guia e muitos outros nós, e velejar a todo o pano…! Daí, pensar em azimutes, e em bolinas cerradas e folgadas, rumo ao tenebroso Mar da Palha, num velhinho Internacional de 11 pés de casco trincado, foi um instante…! Dizia-se, que era d´homem ! Por isso, me tornei num homem cheio de bons vícios…!
E sobre o dia de ontem…! Bem, ai já posso botar um pouco mais de faladura. Foi um espectáculo fantástico a ouvir Wagner, em Tristão e Isolda. Aliás, adoro ouvir Wagner, com toda os instrumentos metálicos de sopro, a começar pelas Tubas e das Trompas, na sua forma mais empolgante. Também o trovejar dos Timbales a colmatar o drama, e os Fagotes e os Oboés a contradizerem-se…! Tudo muito harmonioso, sublimado pelo som dos violinos e aquela voz lindíssima de Soprano, infelizmente um pouco perdida por falta de acústica ao ar livre …! Muito bonito, de facto ! Também, este país, tem muito mais para mostrar o que tem, se as capitais de distrito, tiverem gente com vontade. E a exemplo de Coimbra, minha terra natal, tudo é possível ! Ou não fosse o exemplo de D. Pedro a mandar recadinhos escritos para Inês, pelo pequeno regato do seu jardim. Mas isso, eram outros segredos…!
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