Centro de Diálogo Intercultural

Há iniciativas que podem ser muito importantes mas que o flagelo da rapidez das notícias quase as elimina dos textos públicos. É o caso de um Centro de Diálogo Intercultural, inaugurado em Leiria, no dia 26 de Julho passado. Conforme disse, na altura, o Ministro da Cultura, “parece um pouco estranho que, em pleno século XXI, tenhamos necessidade de afirmar o diálogo entre as religiões para fazer a defesa da democracia na Europa”.
Este novo Centro Intercultural ocupa a antiga Igreja da Misericórdia que, em 1544, havia sido construída sobre a sinagoga da comunidade judaica de Leiria. Abandonada durante muitos anos, a Igreja da Misericórdia foi agora apoiada pela Unidade Nacional de Gestão do Fundo, em grande parte norueguês, EE A Grants, com uma verba de mais de 570 mil euros, verba utilizada não só na recuperação da antiga Igreja como num Projeto Museológico.
Mas, verdadeiramente, o que é mais interessante é o convívio que, a partir de agora e no mesmo espaço, se verifica entre as religiões Cristã, Judaica e Islâmica.
As comunidades migrantes tiveram, decerto, influência decisiva na materialização do Projeto, mas não se pode negar o espírito ecuménico e pacífico com que foi imaginado. Nessa inauguração foram relembrados os nomes do poeta Rodrigues Lobo (cristão-novo) e o do padre Joaquim Carreira que salvou dezenas de pessoas de origem hebraica durante a Segunda Guerra Mundial. Houve, decerto, outras participações e interesses no desenvolvimento desta iniciativa mas o simples facto de se promover, num espaço digno, um convívio religioso, por vezes tornado tão polémico e discutido, basta, em minha opinião, para merecer uma palavra de atenção e de louvor. Parece haver um Plano que pretende replicar esta iniciativa em diversas zonas do país. Seria um excelente exemplo para um país que não se identifica com o populismo xenófobo e quer manter a sua coesão e identidade nacional (citação do artigo do DN).
Leiria está a candidatar-se a Capital Europeia da Cultura em 2027. Esta iniciativa poderá ser uma parcela importante nessa difícil caminhada, no confronto com muitas outras candidaturas. O seu sucesso seria bom para Leiria e para Portugal.
Um Centro de Diálogo Intercultural que merece ser conhecido e visitado. E está no centro do país.

Um pensamento sobre “Centro de Diálogo Intercultural

  1. Uma iniciativa ecuménica, que merecerá, estou certo disso, todo o empenho das chefias religiosas e o carinho de todos os povos que amam a paz. Sendo estas três religiões de carácter monoteísta, e seguindo o mesmo Deus, que outra coisa se poderia esperar de quem defende a boa harmonia entre os povos ? É muito bom, que se multipliquem, pois o mundo está a tornar-se demasiado instável, pela ganância e a cegueira do poder, que alguns teimam, com o aproveitamento da Fé .É espectável, que se obtenham os maiores sucessos de aceitação, entre as mentes humanas, já tão desgastadas pelos fanatismos…! E o mundo moderno, não pode esperar mais tempo. É de facto urgente, que em pleno Sec. XXI, se defenda a democracia, o diálogo e o respeito entre religiões. Penso até, que muitos terão que fazer a sua auto-reflexão, pela forma como todos foram encaminhados neste sentido.

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