Recentemente foram noticiados dois casos que me despertaram a atenção e que devem merecer boa atenção de todos nós.
O primeiro caso prende-se com a nomeação de uma cientista portuguesa, Mónica Bettencourt-Dias, para o cargo de Diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência. É a primeira mulher a dirigir este Instituto, embora já lá trabalhasse, como Investigadora Principal, desde 2006. Aos 44 anos já foi cientista premiada com base nos seus trabalhos, boa parte deles desenvolvidos, durante nove anos, em Inglaterra (Londres e Cambridge). As suas descobertas de nível mundial incidem em estudos sobre os mecanismos das células, mecanismos que comandam a multiplicação e o movimento das células. Independentemente do facto de se tratar de uma mulher a ocupar, por mérito indiscutível, um cargo de tamanha responsabilidade, trata-se, acima de tudo, de uma chamada de atenção e a confirmação de que em Portugal se pode e está a fazer grande trabalho científico. Nada disto é isolado, claro, todos os cientistas estão hoje ligados em redes globais, partilhando saberes e avanços nos seus trabalhos. Mas o importante é não termos dúvidas de que o caminho da educação, do estudo, da melhoria constante do conhecimento, são as armas que devemos utilizar para o desenvolvimento do país. Não é necessário que cheguem todos a investigadores científicos mas, na pluralidade de conhecimentos à disposição de todos, poderemos criar uma massa enorme de gente habilitada para os mais diversos misteres, arrastando o país para o centro do mundo por onde, note-se, já andámos em tempos passados. E foi sempre o estudo que nos ajudou. O caso da Mónica Bettencourt-Dias deveria ser apreciado e interiorizado pelos pais que têm ou vão ter os seus filhos a estudar. Porque os estabelecimentos de ensino já existem.
O bastonário da Ordem dos Médicos publicou, recentemente, um excelente artigo abordando e defendendo uma das funções mais importantes da Ordem a que preside: a regulação das boas práticas médicas que começam na relação Médico-Doente. Esta “Relação médico-doente – património do ser humano” foi o tema do XX Congresso Nacional de Medicina realizado em Coimbra nos dias 18 e 19 deste mês. A Ordem dos Médicos associou-se ao projeto ibérico de candidatura da relação médico-doente a Património da Humanidade da UNESCO. Julgo que todos nós, utentes da medicina, exaltamos a necessidade de o “nosso” médico nos acompanhar “em parceria”, conhecendo-nos, reconhecendo a enorme utilidade da sua opinião, muitas vezes para além do medicamento que nem sequer precisa de nos receitar. O avanço da medicina, como muito bem expressa o bastonário da Ordem, é galopante e irreversível. Os meios de diagnóstico e os sofisticadíssimos instrumentos de intervenção parecem poder dispensar, cada vez mais, a intervenção humana. Mas aí reside o equívoco. Tudo o que é tecnológico deve ser assumido como instrumental, não como o objetivo. Quanto melhor for a tecnologia disponível, melhores serão os instrumentos que os médicos poderão utilizar nas suas práticas diárias. Reconhecendo sempre que, do outro lado da mesa ou numa sala de operações, está sempre uma PESSOA que espera dele a tal palavra ou atitude de confiança. Dessa relação poderá surgir a cura, às vezes tão arredia. Um sim à Ordem dos Médicos e aos seus esforços em prol da relação Médico-Doente.
Um assunto, que nos merece a melhor das atenções. E é sempre de louvar, todos os esforços feitos na divulgação do muito que já se fez e ainda do muito que este pequeno país tem para oferecer. Penso, e não estarei errado, que os frutos de uma melhoria do sistema de educação das nossas escolas e universidades, começaram a dar sinais positivos, pela inteligência e capacidade dos portugueses. Poder-se-há dizer, que ainda há muito a fazer e que muito se perdeu pelo caminho…! É verdade, mas não me surpreenderia, se muito mais casos como este, ainda estiverem por divulgar…! E aos poucos, apesar dos ataques constantes de diversa ordem, o Serviço Nacional de Saúde, vai exercendo um serviço exemplar, já tantas vezes elogiado por países bem mais desenvolvidos. Penso também, que a riqueza de um país, não pode ser medida apenas pelas estatísticas, mas muito mais pelo conhecimento…!
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