Não há dúvida que Portugal está na moda. Isto é o diabo… O meu patriotismo tem vindo a ser polido e abrilhantado por pequenas ou grandes coisas (ainda não sei…) que me aguçam a curiosidade de tentar saber se tudo isto é bom ou nem por isso. Devo dizer, em defesa de interesses, que já vivi pessoalmente, com responsabilidades diversas, eventos nos quais Portugal se agigantou e nos obrigou a olhar para a nossa bandeira, lá no alto, a flutuar orgulhosamente. Dessas diversas situações, embora muitas delas pouco lembradas ou já esquecidas, nunca me apercebi que tivessem resultado danos ou inconvenientes para o país. Dificuldades, por vezes, talvez, mas sempre com repercussão positiva para nós.
Vem esta introdução a propósito da recente eleição de um ministro das Finanças português (Mário Centeno) como Presidente do Eurogrupo e a designação da Arte de Estremoz (os famosos bonecos artesanais) como Património da Humanidade. É, realmente, muita coisa em tão pouco tempo. Não quero entrar na política das coisas (porque ela sempre existe). Prefiro preservar a minha simpatia para esses protagonismos que nos trazem, quer queiram quer não, visibilidade e relevância. Depois da eleição de Centeno tenho ouvido e lido, por um lado, alguns apoios e, por outro, enormes dislates quanto à sua personalidade ou competência. Ainda bem que ele viveu boa parte da sua vida em Vila Real de Santo António, terra que continuo a frequentar depois da descoberta dos meus afetos para com o sotavento algarvio. Não o conheço pessoalmente mas as referências que tenho e olhando para toda a sua história curricular, não tenho dúvidas sobre a sua competência e bonomia de comportamentos na vida. Mas os quase insultos que tenho ouvido por causa da sua eleição levam-me também a não ter dúvidas sobre as invejas e incapacidades que subjazem a todos esses comentários. Houve ministros de outros países que também se candidataram e ou desistiram ou não ganharam. Que diriam os “bem falantes da nossa terra” se Centeno não tivesse sido eleito? É bom nem imaginarmos.
Poucos dias a seguir os bonecos de Estremoz foram eleitos Património da Humanidade. Por acaso tenho três peças dessas (não vendo, estejam descansados) e só ouvi elogios de quem esteve mais diretamente envolvido no processo de candidatura que, como talvez saibam, não é nada fácil. E agora há que continuar, a melhorar e intensificar as escolas artesanais que por lá existem, chamar e dar lugar a artistas novos e, sobretudo, não permitir que surjam as maledicências e as invejas que, tantas vezes, pretendem afogar “os bébés à nascença”.
Muitas Artes e Bens Naturais portugueses são já, também, Patrimónios Mundiais da Humanidade. Muitos portugueses, nas mais variadas atividades (ciência, literatura, investigação, desporto, artes) têm sido e continuam a ser notabilizados pelos seus trabalhos em Portugal ou no estrangeiro. Felizmente têm sido acarinhados e reconhecidos e, nessa esteira de solidariedade amiga, é altura de continuarmos a dar apoio a estes dois novos protagonismos do nosso pequeno/grande país. A generalidade das pessoas reconhece bem a inveja, a maledicência e os oportunismos. E estes são os melhores instrumentos para os nossos velhos e novos sucessos.
Deixem-me terminar este texto com uns versos respigados da obra “A Cena do Ódio” de Almada Negreiros:
…..Só te oiço dizeres dos outros
a inveja de seres como eles.
Nem ao menos, pobre fadista,
a veleidade de seres mais bruto?….
Oh, meus amigos…! Quanto eu não daria para poder dizer as mesmíssimas e exactas palavras que acabei de ler. E mais agora, que tenho uns óculos novos para ler, porque os outros ficaram esmagados debaixo dos pés, como muita coisa acontece neste país. Só que desta vez, a coisa vai fiar mais fino, elevando a bandeira nacional a agitar-se mais alto…!
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