Os paralelos terrestres são linhas imaginárias, paralelas ao equador, que, circundando o globo terrestre, nos permitem perceber quais os pontos que, num mesmo paralelo, se encontram à mesma distância do equador ou dos polos (norte ou sul). Os paralelos mais conhecidos serão o de Câncer, a norte do equador e o de Capricórnio, a sul.
Mas não se tratando este texto de uma recapitulação de geografia, avanço já para o não menos famoso paralelo 38. Esta linha, imaginária claro, passa por terras nossas: pelos Açores, entre as ilhas de S. Miguel e do Pico e, no continente, a sul de Beja. Continuando a sua viagem, essa tal linha divide, do outro lado da terra, as duas Coreias, a do Norte e a do Sul, que tão publicitadas têm sido desde há muitos anos. Os relatos internacionais falam sempre das Coreias e esquecem-se de Beja. O que vale é que, há bem pouco tempo, apanharam com o “Cante Alentejano” que lhes veio recordar que há coisas também importantes aqui para os nossos lados…
Isto da Coreia tem que se lhe diga. Desde 1910 até finais da 2ª guerra mundial a Coreia (toda a península) foi governada pelo Japão. Mas quando em Agosto de 1945 os soviéticos declararam guerra ao Japão começaram por invadir e tomar conta do norte da península. Os Estados Unidos apressaram-se a “proteger” a parte sul da península e daí nasceram duas zonas e dois governos separados. A Coreia do Norte , em 1950, invadiu a do Sul e aí, com a intervenção das Nações Unidas, lá se estabeleceu a realidade dos dois países, separados pelo famoso paralelo 38. Constituiu-se uma zona desmilitarizada, que ainda hoje existe, sem que os dois países tivessem alguma vez assinado um acordo de paz. As provocações continuam, portanto, mais de norte para sul e, ao longo dos anos, foi-se formatando na Coreia do Norte uma ditadura de loucos, única forma de o comunismo soviético (e depois o chinês) se manter como regime válido e de poder. É claro que as mortes, durante todas essas guerras, foram muitas e impiedosas. O mundo resignou-se com essa realidade, embora as negociações nunca tivessem parado.
Na Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney, assistiu-se à entrada das duas delegações, da Coreia do Norte e do Sul, lado a lado, empunhando uma mesma bandeira, embora competindo separadamente. O estádio aplaudiu entusiasmado, interpretando aquela demonstração desportiva como premonitória de coisas politicamente mais alargadas. Não foi assim, infelizmente, como se veio a provar. Nessa mesma Cerimónia desfilou também a delegação de Timor Leste, sob a bandeira do COI e com o patrocínio das Nações Unidas. Timor não era ainda país independente e os seus delegados foram, na altura, completamente apoiados pela delegação portuguesa. Nessa altura os aplausos do estádio foram ainda mais audíveis e só foram interrompidos com a entrada da última delegação do desfile: a da Austrália, os Donos da Casa. O relato deste episódio serve apenas para retratar os dois destinos diferentes daquelas representações, pelo mérito e a luta de interesses desenvolvidos por diversos intervenientes políticos.
Os conflitos têm-se agudizado com o tempo. Na Coreia do Norte, uma dinastia de loucos tem sabido criar um ambiente irrespirável naquela zona do globo, transformando o país quase numa ágora divina onde, geração após geração, é escolhido um representante desse poder único mas sem mundo. O povo é pobre, vive mal (ou talvez nem saiba quão mal vive) mas exalta-se, grita e chora cada vez que o grande lider lhes dá a honra de se deixar ver. Um mundo irreal, louco, governado por um louco que mata todos de quem desconfia, até os familiares mais próximos. Os interesses do mundo são enviesados e a vizinha China vai mantendo abertas as torneiras que permitem ao louco ir vivendo e, imagine-se, produzir e lançar foguetões com mísseis (diz-se que nucleares) ameaçando a paz regional e mundial. E o rapaz Kim Jong – un lá vai sorrindo e mostrando a sua resplandecente dentadura sem que ninguém diplomaticamente o estabilize.
Para azar do ocidente e do mundo em geral os americanos elegeram (neste caso foi eleito) um deslumbrado endinheirado que, na sua infinita ignorância política, resolveu apagar tudo o que já anteriormente tinha sido feito, propondo-se arrasar todos os que se lhe opuserem. O Sr. Trump (como lhe chama um amigo meu) é louco como o outro e já prometeu destruí-lo. O mundo anda com palpitações e as diversas crenças e religiões rezam para que o homem seja empurrado da Casa Branca para fora. As malandrices em que parece estar envolvido, ele e toda a corja familiar, poderão condená-lo ao tão ambicionado afastamento. O que não será fácil mas, apesar de tudo, mais provável que o afastamento do outro louco.
E é em cima deste paralelo 38 que estes estas duas marionetas se digladiam. Ameaça para lá, ameaça para cá, assim vai vivendo o mundo, esperando que nada aconteça de grave. Os políticos andam em bolandas, os generais americanos dizem que não carregam no botão se o Presidente lhes der a ordem , enquanto os generais coreanos acordam todos os dias a pensar no botão, sem saber muito bem , assim espero, onde ele se encontra.
Não seria má ideia o Secretário Geral da ONU, nosso conterrâneo, convidar os dois loucos para uma sessão alongada de “Cante Alentejano”. Com umas tigelas de migas e um tinto do Esporão, eles adormeciam e todos ficávamos a ganhar. Desculpem a loucura, mas para louco, louco e meio!
É bom que mantenhamos um pouco de humor…! Entre mísseis e as intifadas, há uma paz que espera por si…! Curioso, pensar que em ambos os casos, dois generais se evidenciaram nestes dois teatros de Guerra, Cada um em seu tempo, tão longe um do outro…! Mc Arthur e Moshe Dayan…! A continuação de dois casos adiados, sem data marcada, para um bom senso !
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