Este homem sempre me intrigou. Desde que o inenarrável Donald Trump o nomeou Secretário de Estado do governo dos Estados Unidos (equivalente a Ministro dos Negócios Estrangeiros), Rex Tillerson foi para mim uma figura estranha e enigmática. Licenciado em Engenharia pela Universidade do Texas, em Austin, cedo aderiu aos ideais republicanos, o que não é estranho atendendo às suas origens, sendo contratado, em 1975, na área da engenharia, pela poderosíssima Exxon Mobil Corporation. Em 2006 chega a Presidente e CEO da empresa, onde se manteve até sair para o governo, em 2016, por convite de Trump. A sua liderança na Exxon levou-o a negociar em todo o mundo e foi, sem dúvida, um dos pesos pesados da atividade industrial e internacional americana. Os petróleos foram sempre a sua área de eleição e muitos países ficaram a dever-lhe poderosos negócios naquele e noutros ramos conexos. Parece que a Rússia foi um dos seus interlocutores privilegiados e Putin a sua relação pessoal preferida. Talvez por todos estes atributos Trump o tenha convidado para Secretário de Estado. Não admira que Trump o tenha feito, mas tenho dificuldade em compreender a aceitação de Tillerson. Apesar de ser republicano, nada o obrigaria a aceitar tal cargo para o qual não tinha, aliás, nenhuma experiência política. As ratazanas da política de que Trump se fez rodear deveriam ter-lhe despertado a atenção e, com a sua larga experiência de vida, perceber que, mais tarde ou mais cedo, aquela gente o comeria vivo e que se veria obrigado a apelidar Trump (como realmente fez) de “estúpido e ignorante”. Muitos analistas internacionais divulgaram a ideia de que as relações de Rex com Putin seriam o cavalo de Troia de Trump em Moscovo. Poderá ter corrido menos mal de início, mas um “czar” não gosta de se sentir manipulado ou de ser considerado amigo de um Presidente, Trump, que verdadeiramente despreza. Tillerson, com toda a sua estatura de grande empresário internacional (os próprios democratas americanos nunca o atacaram ferozmente) deixou-se arrastar, inexplicavelmente, para uma situação donde só poderia sair a perder. Depois de convidado para o cargo em 13 de Dezembro de 2016 foi demitido por Trump em 13 de Março de 2018. Porquê? Claro que todas as suas opiniões eram, como o Donald declarou, opostas às do Presidente. Terá ganho alguma coisa com esta passagem meteórica pela governação? Não sei ou não se sabe. Mas não foi, evidentemente, uma decisão acertada o facto de ter aceite o convite de 2013. Pode-se ser republicano sem ter que aturar a pesporrência e as aleivosias de um homem sem estrutura moral e decência de comportamentos como Donald Trump.
Por tudo isto, desde o princípio, sempre me intrigou o comportamento de Rex Tillerson na caldeirada da governação americana. As demissões já são em massa, por iniciativa própria ou por despedimentos do “Grande Chefe”. Acho que Rex Tillerson, até que me expliquem, não tinha precisado destes dois anos tão infelizes.
Gostei imenso de ler o artigo do meu amigo Manelzé. Ao mesmo tempo, fiquei sem saber o que dizer num comentário sobre o referido artigo. Enquanto pensava, aparece um comentário de Rui Frias. Gostei, e deu-me uma ajuda na compreensão do que lera anteriormente. Resumindo: agradeço aos dois o que me ensinaram.
Só eu !
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Há quem associe o Xadrez à política e vice versa. Joguei muitas vezes este extraordinário jogo com o meu pai, sem nunca perceber porque perdia sempre. Estratégia errada e falta de atenção, dizia-me sempre, para justificar as minhas sucessivas derrotas…! Só que a ingenuidade, não dava para ver as manobras do adversário, geometricamente calculadas, com um inexorável xeque mate, num autêntico jogo relâmpago…! Mas na vida, na possível associação do xadrez com a política, o golpe rasteiro e a baixeza torna tudo bastante mais complicado, ao ponto de não entendermos bem como certas pessoas se deixam enredar, comprometendo a sua dignidade, num jogo que deveria ser de total cordialidade…!
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