Hoje, sinto-me bem…! Tenho a impressão de que já acordei assim. Talvez por estar preparado para mais um dia de discursos. Pensava eu, iguais a todos os outros anos. Fiquei surpreendido e bastante satisfeito por ter sido um dia diferente, sem ofensas nem acusações políticas. Afinal, somos todos um povo que ama a liberdade, e disso não tenho a menor dúvida, e muito principalmente porque somos todos democratas.
Assisti pela TV, às declarações dos partidos e comecei a ficar encantado com a forma graciosa, quase declamada, com aquele sorriso que transparecia felicidade da deputada do Partido Socialista, Elza Pais. Um belo discurso, talvez mais um poema ou um hino à mulher. Aquela mulher que tanto sofreu em silêncio e se vergou perante tantas ofensas à sua dignidade, que não podia obter um passaporte sem o consentimento do marido, nem tinha direito a voto, apenas porque era mulher. E tantas dessas mulheres, como foram as nossas mães e as nossas avós, que apesar de tudo, souberam educar, dispensando os seus melhores tempos e os seus carinhos sem exigir nada em troca.
Também me surpreendeu aquela jovem deputada do Partido Social Democrata, Margarida Balseiro Lopes, falando com a sabedoria de gente de bem. Lindíssimo discurso e que bela lição de democracia, sem rancores nem ódios. A melhor forma de nos mantermos vivos, num convívio com a dignidade que merecemos…!
E é desta massa que se faz um país, com respeito por si próprio, sem tibiezas nem constrangimentos, onde todos nos sentimos bem. Foi assim que surgiu o S.N.S. e uma boa rede de hospitais. Uma rede viária com belíssimas estradas, pontes e túneis. O ensino gratuito até ao 12º ano, que esperamos vir a ser um dia, até ao ensino superior. Somos de facto, um Portugal sonhado, quando tudo converge para o bem estar de todos.
Mas este mar em que navegamos, cujas marés se repetem desde há 44 anos, ainda não mostrou a pobreza que esconde nas suas vagas cavas. O fantasma dos erros e das contradições. A justiça lenta e desigual. A vulnerabilidade a tudo o que se passa lá por fora. A corrupção fora de controlo, a falta de investimento, os interesses, a ganância, os baixos salários e pensões de reforma, a baixa produtividade, a indisciplina e a falta de respeito pelos professores e pessoal auxiliar. Tantos os óbices que nos tem levado ao grau de o país mais pobre da Europa. Afinal, o que falta em poderes de decisão, para sermos aquele Portugal sonhado há 44 anos…?
Um texto magnífico, pelo sentimento e pelo seu conteúdo. Também assisti pela TV aos discursos que igualmente me surpreenderam pelas mesmas razões do autor. Talvez porque este ano deram mais tempo de intervenção a Mulheres que falaram pelo seu coração e não pelos “catecismos” dos Partidos a que pertencem!
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Bravo Rui. Que bem escrito o que sentes. Gostei imenso.
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Parabéns pelo texto. Acho que falta educação, mais educação e mais educação!…
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Tem toda a razão…!
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