O Cimbalino e o Jornal

Como portuguesinho que sou, não posso deixar de recordar os tempos em que sentia a necessidade de uma pausa para beber um reconfortante cafésinho a meio da manhã. Um hábito tão português, como podia ser de qualquer outro país. Raramente ultrapassava os cinco minutos, com  a vontade de um prolongamento  por mais uns quantos minutos a ler os cabeçalhos das notícias de última hora, de um matutino da minha preferência.

E o curioso disto tudo. é que quando vou ao Porto, e só no Porto, ainda sinto essa necessidade tão enraisada, talvez agora um pouco mais sofisticada, com o acompanhamento de um pastel de nata, de massa fina e bem estaladiça…!

Porque a vida do país se foi alterando e os hábitos foram perdendo forças,  também os Cafés foram desaparecendo, na senda de melhores lucros. A vida das cidades tornou-se um pouco diferente, com um novo tipo de clientela, procurando os históricos, como o Magestic, ou ainda a Brasileira completamente renovada, mas já sem aquela patine própria dos seus melhores momentos …!

E o Cimbalino, pronunciado com aquelas vogais bem abertas do Norte, vai também deixar o seu companheiro habitual de leitura, com a futura digitalisação dos jornais diários. O Diário de Notícias, parece ser o primeiro a dar o pontapé de saída para novos desafios.  Resta a plena cavaqueira, entre amigos, à volta de uma pequena mesa de Café, ou o estudo apressado de um qualquer itinerário turístico, enquanto se saboreia aquele delicioso café coroado de uma espuma cremosa. Tempos modernos…!

 

3 pensamentos sobre “O Cimbalino e o Jornal

  1. A referência à máquina Cimbalino, que originalmente deu o nome aos cafés expresso no Porto, fez-me lembrar a última vez que vi uma Cimbalino antiga em acção. Foi no bairro arménio da cidade persa de Isfahan, em 2015. De facto, no Irão, café expresso só nos hotéis para turistas. Os persas bebem chá. Devo dizer que o café de Isfahan era francamente mau.

    Liked by 1 person

  2. Na minha terra, Lisboa, era o café em copo ou em chávena, depois veio só a bica, o carioca (pode ser de limão), o garoto, claro ou escuro, o abatanado (coisa que descobri há uns dez anos mas que já era muito antiga). Há muitos anos lia-se o Século, a República ou o Diário de Notícias. À tarde apareciam o Popular e o Diário de Lisboa. A Bola era uma vez por semana, passou a duas , depois a três e, mais tarde, todos os dias. Apareceram logo mais dois com bola também todos os dias. É uma canseira ter que ler tudo. Agora leio o DN digital e não me estou a dar mal. Espero que ele se aguente. Mas, verdadeiramente, o que sempre existiu e não me parece que entre em crise é o pastel de nata! Quanto à conversa entre amigos temos que a provocar porque essa, sim, está em crise.

    Liked by 1 person

    • É verdade…! Há crises, de que não nos apercebemos da sua existência, esquecendo-nos que o facto de entrarmos num carro, ao fechar a porta e nos pormos em marcha, acabamos por dar mais um passo para o isolamento, apenas ligados por um telemóvel, numa auto-estrada cheia de gente nas mesmas circunstâncias…! Ninguém se conhece, nem mesmo pela cor do carro. Mas, ainda sobre os Cafés, como centros de contactos ou de uma pequena pausa, com os neuróneos ainda a transmitir-me os suaves aromas de um bom café arábica e robusta, acabei por me esquecer do ” Cheirinho “, supostamente vindo de um alambique particular, algures no Minho…! Era costume afirmarem, que era lá da lavra do gerente…! Uma boa aguardente velha, de vinho verde, para afinar a garganta em tempos de frio, porque isto de conversas à volta de uma mesa de café, com bons amigos, tem muito para se dizer..!

      Liked by 1 person

Deixe um comentário