Poderá ser estranho este título, com o nome de uma canção dos Queen…! Quantos de nós não os ouvimos já, nas emissões de rádio, ou talvez os mais jovens, nos festivais de música rock ? Também, quem não se lembra da primeira bicicleta, como prémio da passagem da 4ª classe, aumentando o prazer de umas boas férias grandes, como se dizia antigamente.
Eu, não fui daqueles sortudos em ver realizado esse sonho, mas tive que me contentar com um relógio de pulso, o que me obrigou a conviver com a pontualidade, sem desculpas para qualquer atraso. No entanto, as bicicletas de aluguer, que se amontoavam na Esplanada da Figueira da Foz ou no Jardim da Cidade, em Coimbra, dava-me o prazer de pedalar com meus irmãos e amigos, habituando-me a descrever as curvas, sempre tão difíceis de fazer sem por os pés no chão. Eram depois os prazeres das corridas e o pisar das folhas sêcas dos Plátanos, cujo estalar nos enchia de entusiasmo, apesar dos pequenos ( ? ) arranhões, a solicitar uma passagem pela farmácia, para aplicar umas pinceladas de Arnica …!
E esses saudosos tempos, foram passando até ao esquecimento, até que hoje, a bicicleta, não com o mesmo prazer da descoberta e aventura, voltou a andar no pensamento das pessoas de todo o mundo. Não só pela saturação do trânsito sempre mais caótico, mas talvez mais pelo ar que respiramos e do envenenamento contínuo do nosso organismo. E o que vemos, é que as grandes cidades estão adoptando ciclovias, onde a circulação se torna mais apetecível e segura, mostrando um dinamismo das populações, que pensávamos estar adormecido, com a preferência pelo conforto do automóvel.
E Lisboa, vai-se enchendo de ciclovias, como outras cidades do país, acompanhando o que se passa lá por fora. Talvez, uma moda daquilo que sempre se fez na Holanda e na própria Inglaterra e França. E como eu aprecio sentar-me, por alguns minutos, num dos bancos da Av. Duque de Ávila, ( uma das Ramblas de Lisboa ), e apreciar o ar descontraído de jovens e menos jovens, montados nas suas bicicletas, fazendo a sua vida normal de todos os dias….! Que diferença faz, dos ares de estupefacção que despertei, quando há algumas dezenas de anos, fui de blazer azul e gravata, montado na minha ” Byke ” até ao Rossio, para a despachar para o Algarve…!
Ainda há alguns dias, ao passar os olhos pelo Le Monde, deparei-me com uma crónica de um seu correspondente na China. ” Les vélos partagés chinois partent à la conquête du monde “. Dizia ele, que a Mobike, desde o seu lançamento em 2016, tinha estendido a sua influência em cerca de uma centena de cidades, a começar por Shangai, com 5 milhões de bicicletas, pensando expandir-se pela Ásia, Europa e América. Desde finais de Junho, que já circulam em Manchester, com as suas cores laranja e aço cromado.
Com a proibição prevista para daqui a alguns anos, da entrada de viaturas accionadas por motores Diesel por toda a Europa, incluindo Zurique, é fácil de antever o panorama que nos irá surpreender. Longe vai o tempo, em que vivendo em Aveiro, nos admirávamos por ver tanta bicicleta, conduzida por raparigas de sapatos de salto alto. Faziam-no com a maior normalidade…!
Fico a pensar na Lisboa das Sete Colinas, talvez com mais subidas do que descidas…!
Eu também tive o prazer de andar de bicicleta em pequeno. Sobretudo nas férias de verão passadas nas Caldas da Rainha. E nunca mais me esqueci dum episódio cómico que originei. Nesse tempo, finais do anos quarenta do século passado, o Quartel das Caldas estava situado nuns edifícios altos e esguios à beira do Parque e a porta de armas dava para um pequeno largo muito perto do hospital das termas. A casa onde morávamos ficava mais acima, relativamente perto, de modo que era normal eu pedalar até ao Parque e passar em frente do Quartel. Um dia em que assim sucedeu, de repente apareceu à minha frente um oficial de botas altas e brilhantes. Não consegui evitar o contacto e passei com as rodas da bicicleta mesmo por cima da biqueira duma das botas !. Grande atrapalhação da minha parte, mas o oficial apenas fez cara de aborrecido e exclamou : – Chatinho, não sabe tocar a buzina !
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