Há momentos, em que nos apetece fechar os olhos, e serenamente deixarmos vir ao de cima, algumas recordações que pontuaram as nossas vidas, em sublimes episódios, entre tantos outros, que pelo contrário, fazemos esforços para os esquecer…!
Passados alguns minutos, após desligar o Skype, numa conversa que tive com uma das minhas netas ” made in England “, fiquei pensando no bom que foi, toda a aproximação com a Inglaterra, dentro das relações da União Europeia.
Esbocei um pequeno sorriso, quando recordei a primeira vez que fui a Londres, acompanhado de mais três amigos, que a meio de um almoço, combinamos ir ver uma peça de teatro, que já há algum tempo estava a obter êxito num dos teatros de musical, para os lados de West End. Por votação, ainda em tempos pouco democráticos, a responsabilidade caiu sobre mim, numa azáfama para marcar passagens de avião, marcação de hotel e compra de bilhetes de ingresso para o musical, para aquele próximo fim de semana.
Um fim de semana agitado, envolvido no nervosismo habitual que se sente em viagens de avião, talvez mais pelo movimento dos aeroportos e o problema dos horários e dos Check in…! Talvez mais, quando avistámos o avião da Danair ( antiga empresa charter ) constituida por aviões DH 106 Comet, da De Haviland, já postos de lado pela antiga BOAC. Um avião muito aerodinâmico, elegante, mas com a particularidade de terem sofrido acidentes, por fadiga de material. Talvez por ter sido o primeiro avião de passageiros a jacto, ainda não totalmente preparado para pressões e velocidades elevadas.
Devido à diminuição de velocidade, a viagem tornou-se insuportável para alguns estomagos que não aguentavam os efeitos das térmicas ao largo do Golfo da Biscaia, e aos gritinhos de algumas meninas mais nervosas, quando sentiam o chão fugir-lhes dos pés…! Ao mais pequeno ruído de vibrações, ou um pequeno estalido que se sentisse de um assento, fazia-nos supor qualquer coisa de errado, tornando maior a ansiedade por chegarmos a Gatewick, e mais ainda, para nos livrarmos do gelo acumulado junto à janela, pela parte de dentro, que se nos agarrava ao casaco.
A viagem fez-se, tudo dentro de uma normalidade habitual daqueles tempos, com a passagem pela alfândega, onde um oficial da polícia da imigração, lia minuciosamente, os passaportes e indagava qual o motivo da visita, sempre atento a qualquer infracção. E aqui, o meu sorriso terminou, quando pensei que o Brexit nos vai, possivelmente, obrigar a passar de novo por uma alfândega, onde me perguntarão, novamente, o que lá vou fazer…!
Parece-me, que já começa a ficar longe, o tempo em que noutras viagens, lentamente começava a avistar, no meio das brumas, as seven sisters das White Cliffs of Dover, de bordo dos ferries da Sea France, ou da P&O , sem passar por uma alfândega tradicional, ou ainda de uma outra viagem, pelo extraordinário Eurotúnel, Londres-Paris, onde apenas se fazia um Check in, pelo rigor do número e identificação de passageiros, como em qualquer aeroporto europeu…!
Estou certo, que tudo vai continuar como até aqui, e às minhas netas, poderei continuar a dizer: Till tomorrow, girls…!