Desde muito cedo, comecei a verificar a paixão que as pessoas têm pelos automóveis. Quer se necessite dele ou não, eis que muitos de nós, sacrificámos muitas idas ao cinema para o poder manter limpo e brilhante. Talvez até outros sacrifícios mais penosos, como o de de alterar um passeio há muito programado, para o levar à oficina de confiança. Inexoravelmente, isso, também aconteceu comigo, no começo de vida, pois esta paixão, já se perde nos tempos…!
Há bem poucos dias, tive uma experiência que me marcou bastante. O ter que enviar o meu velhote Xantia, para as mandíbulas do sucateiro…! Digo-lhes, que foi uma experiência algo frustrante, pesarosa e revoltante…! A última vez que peguei naquele volante, foi numa tentativa de o controlar, após uma glissage inesperada, por excesso de óleo derramado na estrada, agravado por um dia inteiro de chuvisco pegajoso.
O destino, estava marcado! Um último olhar para o carro, de despedida, com um nó na garganta, a querer dificultar-me a situação. Imaginariamente, senti que um diálogo se estava a preparar entre mim e aquele que foi uma das minhas maiores paixões de quatro rodas…! Um diálogo impossível. Apenas as recordações de muitas viagens e de bons momentos, que uma máquina, tornando-se nossa companheira de muitos anos, pelo hábito e pela aproximação constante, nos poderia fazer imaginá-la, como qualquer coisa imprescindível, de nós próprios…!